Por Pedro G. da Rosa
Quão irônico seria uma pessoa se suicidar depois de assistir 13 Reasons Why? É meio delicado tocar no assunto, porque além de ser tabu, tem muitas pessoas de luto neste momento. Mas foi exatamente o que aconteceu com uma menina de Itajaí, que se suicidou neste sábado.
A série 13 Reasons Why é um dos mais recentes lançamentos da Netflix que segue fazendo um tremendo sucesso nas redes sociais. A história se baseia em explorar os motivos que levaram a jovem Hannah Baker a cometer suicídio.
Em um primeiro momento, a série até passa uma mensagem para que as pessoas se atentem aos sinais de um potencial suicida, sejam solidárias e ofereçam ajuda antes que o pior possa acontecer. Inclusive, segundo o CVV, desde a estreia do série, os pedidos de ajuda ou de conversa enviados por e-mail duplicaram, com 25 mensagens mencionando 13 Reasons Why.
Por enquanto, só assisti até o episódio 7 e ainda não sei como termina, mas ao passar dos episódios tive a impressão de que a série romantizou o suicídio, principalmente após Hannah deixar um bilhete com a indagação “e se único jeito de não se sentir mal for parar de sentir qualquer coisa pra sempre?”. Pensei na possibilidade de um potencial suicida enxergar poesia nisso e ver o suicídio como uma boa opção.
Em uma daquelas coincidências infelizes, ao terminar de assistir o sétimo episódio fiquei sabendo que uma menina havia acabado de se suicidar em Itajaí. Resolvi espiar o perfil da jovem no facebook quando me deparei com algo que me deixou perturbado. Sua última postagem na rede social foi sobre estar assistindo a série.
Segundo os amigos da moça, ela já vinha sofrendo há bastante tempo e já tinha tentado tirar sua própria vida outras vezes. Entretanto, o ato acabou sendo consumado logo após ela assistir a série. E isso me faz questionar ainda mais aquilo que eu já temia antes de ficar sabendo deste trágico acontecimento: a série pode acabar influenciado e encorajando alguém quem já tenha tendências suicidas? Ou será que essa história não passa de mera ironia do destino?
Aos amigos e familiares da moça, a quem desejo minhas sinceras condolências, peço desculpas por estar tocando em um assunto tão delicado. Aos que veem o assunto como tabu, penso que precisamos sim debater sobre suicídio. E aos que precisam de apoio emocional e não tem com quem conversar, ligue 141, que um voluntário do CVV – Centro de Valorização da Vida – estará pronto para te ouvir, sob total sigilo.
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