O final de semana (5 e 6) foi marcado pela força, habilidade e ginga contagiante da capoeira, que trouxe para Balneário Camboriú grandes mestres desta arte e reuniu mais de 100 crianças e adultos no “1º Festival Internacional Capoeira Brasil 1.000 Graus”.
Na programação prevista, as rodas de capoeira foram mantidas, mas devido às chuvas elas aconteceram no próprio Ginásio Irineu Bornhausen (G1), no Bairro dos Estados, junto com os workshops e cerimônia de graduação.
Com o objetivo de difundir a arte da Capoeira, considerada pela Unesco patrimônio cultural imaterial da humanidade, o organizador do Festival, Eder Ávila da Cruz, trouxe para BC mestres de renome internacional. Eles passaram um pouco do seu conhecimento e experiência aos praticantes e admiradores da capoeira. O primeiro workshop foi sobre o tema “Técnicas básicas e avançadas da capoeira” com os mestres Cocoróca do Rio de Janeiro e Índio do Paraná.
Em seguida, o mestre internacional, que atua na Europa há mais de vinte anos, e é fundador do Grupo Capoeira Brasil, Paulão Ceará, ministrou o workshop com o tema: “Qualificação profissional na área da capoeira”. Essa foi a primeira vez do capoeirista em BC, que destacou a receptividade e beleza do município. “Achei a cidade muito simpática e bonita. Sou de Fortaleza, cidade praiana, e gosto desse ambiente. Fui muito bem recebido” conta.
Paulão Ceará começou na capoeira ainda menino e trocou as chuteiras e a viola por uma boa roda de capoeira baiana. Hoje ele é referência na capoeira e inspira gerações desta nobre arte brasileira. “Muitas pessoas me perguntam, o que é a capoeira, e eu gosto de explicar com a definição de outro grande mestre, que sempre falava que a capoeira é o que você pensa, pode ser dança, cultura, luta, teatro, defesa pessoal.Na verdade você a usa como se identificar melhor. Pra mim a capoeira é uma vida, uma missão, porque eu tenho hoje certa liderança nessa área, sou um mestre de capoeira, tenho seguidores, e por isso, é uma missão trazer novas informações, passar a minha experiência, educar e fazer trabalhos de inclusão social” conta.
O mestre Paulão Ceará também falou sobre o cenário da capoeira fora do país e destacou o seu valor para a cultura brasileira. “A capoeira tem muito reconhecimento e respeito lá fora, tanto que hoje já está difundida em 150 países. Pode se dizer que a nossa capoeira foi abraçada pelos estrangeiros, que a praticam com dedicação, pesquisam e até viajam para o Brasil em busca de aperfeiçoamento. Inclusive hoje, também podemos dizer que a capoeira é um dos maiores divulgadores da nossa cultura, da língua principalmente, porque para fazer capoeira você tem que aprender o português, porque os golpes e as músicas são todas em português. Além disso, também é uma forma de transformação e educação na sociedade, entre os jovens, a capoeira tem também um papel social muito grande, pois ela tem essa força de atrair as pessoas, proporciona disciplina, dedicação e respeito e por meio disso podemos educar. Quem pratica capoeira tem muitas vantagens, é nossa cultura, faz parte da nossa identidade, proporciona integração entre as pessoas e ajuda a se harmonizar” completa.
O professor de capoeira, Sérgio Souza da Cruz, Baiano, participou dos workshops e estava contente com a troca de experiência com os outros mestres. “É muito importante pra gente esse evento, pois cada mestre tem uma formação diferente e a cada curso eles trazem suas bagagens e difundem com os alunos e mestres da nossa região” destaca.
Além das oficinas, cerca de vinte capoeirístas de BC e Joaçaba participaram de uma cerimônia de formatura e receberam dos mestres convidados a sua 1ª graduação. O Campeonato Estadual de Maculelê, agendado para acontecer no domingo (6), teve de ser cancelado devido ao mau tempo que impediu a vinda da maioria das equipes. O Festival Internacional de Capoeira foi organizado pelo Grupo Capoeira Brasil SC com apoio da Prefeitura Municipal por meio da Fundação de Esportes (FMEBC).