Os alunos do 1º e 3º anos do Ensino Médio do Centro Educacional Recriarte, em Camboriú, encontraram uma forma mais leve de trazer à tona e prestar esclarecimentos sobre problemas que muitos enfrentam nessa fase. A peça teatral “Nós jogamos o jogo da vida. E você?” buscou mostrar uma discussão honesta sobre assuntos como adolescência, drogas, abuso sexual e, mais especificamente, prevenção ao suicídio. A obra foi escrita e encenada pelos estudantes, com supervisão da psicóloga e mestre em Educação Sula Borba.
Sula explica que após a popularização na mídia do jogo Baleia Azul e da série “Os 13 Porquês”, criou-se um pânico dos pais em torno desses dois temas. O teatro surgiu como uma forma de envolver os estudantes nos esclarecimentos dessas dúvidas e trabalhar a psicoeducação. “A abordagem mais efetiva para falarmos do suicídio, por exemplo, é debater sobre o tema, fazer seminários, fóruns, teatros e outras ações que podem auxiliar os adolescentes a entenderem o que fazer em caso de doença de saúde mental. Essas ferramentas devem levar os estudantes a procurar na escola, no sistema de saúde ou no Centro de Valorização da Vida (CVV) o auxílio necessário para superar qualquer problema psicológico e reduzir o alto número de suicídios no mundo, resultado na maioria das vezes desconhecimento desses métodos de ajuda”, destaca.
Ainda de acordo com Sula, é necessário sempre buscar um diálogo e aproximação dentro de casa. “Os pais devem conversar com os filhos, pois as redes sociais contribuem para um distanciamento. É importante que os responsáveis permitam relações mais próximas com as crianças e adolescentes, favorecendo o diálogo e a expressão emocional. Vale lembrar que esquecer os julgamentos é um bom aliado na hora da conversa.”, orienta a psicóloga.
Para a coordenadora educacional e especialista em Interdisciplinaridade, Gestão Escolar e Valores Humanos, Giovana Carla Erhardt, a estratégia da peça teatral, com participação dos alunos em todo o processo de produção, foi eficaz como ferramenta de aproximação e quebra de tabus. “Nessa fase eles geralmente se distanciam, têm um grupo muito fechado. Essa é uma ação da escola para nos aproximarmos. Esses assuntos precisam ser tratados de forma mais leve no ambiente escolar. O jogo da Baleia Azul não está mais na mídia, mas os problemas precisam ser discutidos, tratados. Ao compartilharem com o grupo, eles percebem que algumas dificuldades e dúvidas não são exclusivas deles, mas há inseguranças em comum”, aponta Giovana.
Tanto Sula quanto Giovana frisam que ações como essa buscam incentivar a maior comunicação entre adolescentes, pais e escola. “Esperamos ter conseguido motivar os alunos a poder contar com a equipe em caso de alguma dessas situações, lembrando que o diálogo é a ponte para a vida. A adolescência é a melhor fase de nossas vidas e todos devem sair dela com bem-estar psicológico”, completa Sula. No dia 29 de junho o teatro será apresentado em um encontro com pais e responsáveis.