Mesmo com chuva, voluntários se mobilizaram na manhã deste domingo, 15, para participar de um mutirão de limpeza na Praia do Atalaia. A ação de sustentabilidade faz parte da programação da Itajaí Stopover e tem como objetivo conscientizar a população sobre o problema do lixo no mar, além de criar políticas públicas para redução da poluição. Além da limpeza, foi realizado o 1º Festival de Pranchas de Garrafas Pet de Itajaí com a participação da comunidade e o plantio de mudas nativas na restinga.
O mutirão foi organizado pelo Instituto Eco Surf e o projeto Somos do Mar com apoio da Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) e outros parceiros. De acordo com o superintende da Famai, Victor Valente Silvestre, o município forneceu toda a estrutura para a limpeza, como sacos de lixo, luvas e caçambas para recolhimento de resíduos.
“Essa ação não será só para retirar o lixo, mas também para saber que lixo é esse. Por isso, vai ser feita a segregação dos resíduos para sabermos exatamente a origem disso, as características e quais os resíduos predominantes. Com esses dados o poder público pode tomar medidas no sentido de minimizar esse impacto nas praias”, afirma o superintende.
Em função da chuva, a limpeza no Canto do Morcego foi transferida para o próximo sábado, 21. Quem foi na Atalaia, no entanto, retirou bastante lixo da areia, pedras e restinga. “Temos que estimular essa atitude de deixar o lugar que frequentamos um pouco mais limpo. Cada um pode fazer um pouquinho, fazer a diferença e a nossa parte”, comentou a empresária Sabrina Eggert, enquanto retirava resíduos da vegetação de restinga.
Já Martin Joufflineau, que integra a ONG Meu Copo Eco, chamou a atenção para as partículas de plástico que ficam na praia e na maioria das vezes não são percebidas pelas pessoas. “Isso acaba voltando para o seu estômago, porque os peixes se alimentam dessas partículas. Ninguém vê, mas se você parar para olhar aparecem várias e é muito perigoso. Achei várias em um pequeno espaço, temos que despertar o olhar sobre isso”, afirma.
O domingo também teve atividades educativas na Atalaia. O projeto Somos do Mar exibiu uma exposição didática científica sobre lixo marinho, realizou jogos de tiro ao alvo para crianças e uma experimentação sensorial para conscientizar as pessoas e popularizar conhecimentos sobre a poluição nos oceanos. A empresa CAAPORÃ – Mudas de Vegetação Costeira participou da ação com uma oficina sobre “As Praias do Futuro” e o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica.
Homenagem e surfe
Antes do início do festival de surfe e do mutirão de limpeza, os voluntários se reuniram na beira do mar em um círculo para homenagear o surfista itajaiense Aquiles Jacaré, que faleceu em fevereiro de 2009 aos 49 anos. Ele foi o primeiro a fundar uma associação de surfe na cidade e sempre atuou fazendo mutirões de limpeza e campeonatos na Praia do Atalaia.
Após o mutirão, o festival reuniu adultos e crianças para se aventurar nas pranchas de garrafas pet. Quem conseguiu permanecer na onda por mais tempo foi premiado com um kit. A iniciativa é organizada pela Associação de Surfe Amigos do Atalaia, que oferece aulas na praia em troca de donativos para famílias carentes. A inscrição para o festival foi a doação de alimentos e leite. Ao todo, quatro pranchas de garrafas pet foram usadas pelos competidores nas categorias infantil, mirim e open.
A pequena Joanna Camila Machado, 10 anos, que compete no Campeonato Catarinense de Surf, conta que foi nessas pranchas que perdeu o medo do mar. “Eu tinha caído surfando e acabei tomando água, daí fiquei com trauma. Meu pai foi me incentivando a voltar com essa prancha de garrafas pet e acabei perdendo o medo. Ela tem maior flutuação que as outras e a gente tem que controlar mais. É difícil escolher uma agora, os dois jeitos de surfar são diferentes e legais”, comenta.