Os sonhos da jovem Rebeca Caetano Pereira ganham novos contornos desde a última sexta-feira (5/10). Ela foi a primeira paciente a ser transplantada no Hospital Marieta. Descobriu a doença crônica nos rins num susto. Sem histórico na família, acordou no dia 29 de julho sem visão e com cerca de oito quilos a mais. Estava inchada devido às toxinas e descobriu estar sofrendo de falência dos dois órgãos. Acabou encaminhada para diálise, onde teria de passar seus dias a partir de então, salvo se conseguisse um transplante.
A moradora de Itapema de 17 anos iniciou as consultas e fez todos os exames no Hospital Marieta. Em cerca de um mês, a equipe comandada pelo médico nefrologista André Barreto Pereira identificou as características necessárias e a colocou na fila de espera. Nove dias se passaram até a boa notícia. Uma ligação para a família confirmou que o órgão compatível estava chegando, doado por um jovem.
A cirurgia levou cerca de três horas e contou com uma equipe altamente especializada. “A abertura deste procedimento no Hospital Marieta cria um caminho para mais uma vocação. Já somos o hospital que mais capta órgãos em Santa Catarina. Começar a transplantar é algo totalmente benéfico aos pacientes da região”, destaca o doutor.
Segundo ele, um transplante reduz em até 10 vezes as chances de mortalidade dos pacientes. E garante uma vida praticamente normal ao transplantado. Será necessário tomar o remédio diariamente para o resto da vida, porém o restante é como o de outra pessoa saudável.
O caso de Rebeca estreou este tipo de procedimento da melhor maneira. Geralmente entre 40% e 60% dos pacientes precisam fazer diálise na primeira semana de pós-operatório. Ela não precisará. E deverá receber alta na próxima sexta-feira (12/10), exatamente uma semana após a cirurgia.
A jovem até então tímida descobriu a importância de dar valor à vida. Passou a se comunicar e a querer estar perto das pessoas que mais gosta. “O importante agora é não precisar acordar 4h30min para fazer a diálise e deixar de dar trabalho para os meus pais e meus irmãos. Todo mundo sofre com isso. Agora estou viva, feliz e talvez até faça medicina para tentar atender outras pessoas com o mesmo problema”, celebra Rebeca, com um largo sorriso no rosto.
Itajaí agora tem hospital credenciado para transplante
O serviço de transplante de rim é uma novidade no Hospital Marieta. Levou quase dois anos para o processo de credenciamento junto às esferas municipal, estadual e nacional, como o Ministério da Saúde. A partir de agora, a unidade realiza as complexas cirurgias via Sistema Único de Saúde.
Com a estrutura atual, o Hospital Marieta tem condições de fazer de 60 a 80 transplantes por ano. Nesta terça-feira (9/10), enquanto atendia equipes de reportagem, outra boa notícia: um novo rim disponível para outro paciente. O senhor de 50 anos foi avisado por telefone pelo nefrologista André Barreto que a sua chance de sobrevida estava chegando. No mesmo dia, ele entraria na sala de cirurgia.