Passado a euforia do Rock in Rio, chega a ser engraçado como o mesmo questionamento ignorante ainda se mantem atual nas rodas de conversas e mídias sociais: “Ué, mas era ROCK in Rio ou POP in Rio?”.
Ainda em sua primeira edição, lá no ano de 1985, o evento musical idealizado pelo empresário carioca Roberto Medina trouxe em seu line-up artistas consagrados do rock ‘n’ roll, como AC/DC, Queen e Iron Maiden, mas também trouxe nomes de outros estilos musicais do mainstream da época como Elba Ramalho, Ney Matogrosso e Alceu Valença, contrariando um pouco da crença de que aquele seria um festival exclusivo para esse determinado gênero da música.
44 anos mais tarde, o brasileiro saudosista fã de rock se encontra cada vez mais revoltado porque seu estilo de música favorito já não configura com tamanho destaque em eventos como o Rock in Rio, muito menos na TV e no rádio.
Os mais dramáticos afirmam que o gênero morreu e quem sabia executá-lo com excelência já não está mais entre nós. Outros radicais culpam a grande mídia de dar destaque apenas para os sertanejos e funkeiros com a calça apertada e cabelo raspado na lateral.
Em parte todos estão certos e todos estão errados.
O ouvinte passivo da massa, que aprecia o bom e velho rock, com riffs gritantes e atitude anarquista, mas que busca ouvir apenas o que o rádio lhe entrega como opção de consumo, realmente está órfão do que ele considera ser “boa música”.
A grande mídia deixou de achar o rock interessante há muito tempo. Mas a internet e os aplicativos de música (Deezer, Spotify, Apple Music) não.
Dentro de plataformas digitais como essas, além do ouvinte matar a saudade dos clássicos que ele tanto venera, também tem a opção de descobrir bandas novas, as quais passam longe das estações de rádio e canais de televisão aberta, e que carregam, em sua essência, as características da era de ouro do rock.
Ainda sendo muito otimista, o ouvinte de rock revoltado ainda pode encontrar em artistas do mundo pop a atitude libertária e anárquica do estilo, ainda que minimamente, dentro dos padrões de comportamento do século XXI e do que hoje é considerado ser “contra-cultura”.
Àqueles que desejam ver uma nova safra de roqueiros, que destroem quartos de hotel, abusam de álcool e drogas e quebram os instrumentos no palco, devem ter paciência. Quem sabe, assim como o conservadorismo, isso não se torne moda um dia novamente?
Como já dizia AC/DC, It’s a long to the top if you wanna rock ‘n’ roll. (É um caminho longo até o topo se o que você quer é rock ‘n’ roll).
por LUCAS MACHADO
jornalista
DRT 0006544/SC
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