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Família não pôde velar mulher que testou negativo para covid-19

"Só vi quando entrou na ambulância. E depois já estava praticamente na cova. Ainda nem um enterro digno. Caixão lacrado e tudo mais", lamenta filha

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Na última quinta-feira (26), uma mulher de 52 anos faleceu e não pôde ser velada, por suspeita de coronavírus. Apesar da filha insistir que ela não possuía sintomas do covid-19, e que estava debilitada por outros problemas de saúde, a mãe foi transferida do Hospital de Camboriú para o Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, e internada no centro municipal de Acolhimento e Tratamento de Coronavírus, onde foi a óbito.

A causa da morte foi pneumonia lobar e o primeiro teste, que saiu somente após o enterro, deu negativo para covid-19. Ainda é aguardado o resultado da segunda testagem.

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— Eu disse muitas vezes que ela não tinha corona, não tinha necessidade de expôr a todos nós a essa situação. Ela nunca apresentou os sintomas. — relata Deise Carvalho. — Nunca foi nem suspeita. Fiquei muito frustada quando fizeram isso. Minha mãe tinha esquizofrenia.

Segundo Deise, sua mãe fazia uso de remédios psicóticos há 30 anos. Eram mais de 13 remédios diferentes por dia, o que causou perda de coordenação motora. Sem conseguir andar e com crises diárias de diarreia, a mulher já estava com 37 quilos. Com anemia profunda, passou mal e a filha chamou a ambulância. Foi a última vez que ela a viu.

— Só vi quando entrou na ambulância. E depois já estava praticamente na cova. Ainda nem um enterro digno. Caixão lacrado e tudo mais. Foi bem complicado. — lamenta.

Não bastasse a dor da perda, a suspeita de contaminação fez o desfecho ser ainda pior.

— Eu sei que de todo modo ela merecia descansar. Ela não estava mais vivendo, eu que tinha que alimentar e fazer tudo. Mas o que me fizeram passar no final também foi triste. Tudo isso porque ela foi levada para a zona infectada. Falei para médica que pior seria ela pegar o vírus lá. Ela ficou lá exposta quase dois dias. Depois de morta permaneceu lá. Se desse positivo, teria se contaminado lá. Até para pegar os papéis do óbito foi uma burocracia pela possibilidade de estarem contaminados.

Centro de Acolhimento e Tratamento de Coronavírus

Desde a abertura, o Centro de Acolhimento e Tratamento de Coronavírus já prestou atendimento a 479 pessoas. De terça-feira (31), das 19h, até as 7h desta quarta-feira (1º de abril), seis pessoas foram atendidas no centro. Sobre as internações, ao todo, seis pacientes estão internados: quatro em CTI Adulto e dois em Internação Adulto – desses, apenas casos suspeitos da doença.

Até o momento, 14 pacientes já receberam alta, outros cinco estão em isolamento domiciliar e uma está na clínica médica. Sete casos já foram descartados.

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