A corrida pelas eleições municipais em Balneário Camboriú começou a revelar um cenário político fragmentado e marcado por alianças oportunistas.
A vereadora Juliana Pavan foi oficializada como candidata a prefeita pelo PSD. Ela terá como vice o vereador Nilson Probst, do MDB. Essa parceria, no entanto, já começou a causar descontentamento entre os eleitores e figuras políticas.
A filha do ex-prefeito Leonel Pavan parece determinada a vencer a qualquer custo, aglutinando partidos e fazendo acordos indiscriminados. Sua disposição em formar alianças sem discriminação partidária levanta questões sobre sua autenticidade e compromisso com princípios políticos claros.
Dentro do próprio MDB, a insatisfação é palpável. O vereador Marcelo Achutti expressou publicamente seu desagrado com a aliança entre o MDB e o PSD, preferindo manter o compromisso original com o PL. Achutti enfatizou que o acordo original era que o MDB indicaria o nome para a vaga de vice ao PL, e deixou claro que sua decisão de não apoiar Juliana Pavan é inabalável.
Se para muitos eleitores a questão de direita e esquerda ainda importa, a polarização política se acentua com a definição das posições ideológicas. Enquanto o PL se posiciona à direita, com o apoio do governador Jorginho Mello e do ex-presidente Bolsonaro, Juliana Pavan recebe o apoio do PDT, partido de esquerda, que oficializou a aliança em sua convenção.
Já o Democrata Cristão, que tenta se posicionar como “verdadeira direita”, confirmou Carlos Humberto Silva como candidato. No entanto, a candidatura do pai do deputado estadual de mesmo nome é vista como simbólica, sugerindo que o partido busca manter uma fachada de independência enquanto navega as águas turvas das negociações políticas, sinalizando apoio à Juliana Pavan e Nilson Probst.
A equipe do DC recebeu autorização para avançar nas negociações com outros partidos políticos, exceto o PT e o PL. O PT, por estar na outra ponta do espectro político, e o PL, por puro ressentimento. Pois o DC é composto pela ala do PL que estava no partido antes do prefeito Fabrício se filiar e impedir que o deputado Carlos Humberto se candidatasse a majoritária.
Um tanto quanto irônico o veto de acordo com o PL ser declarado com a presença do líder do governo na Alesc na convenção, que posou sorridente ao lado dos candidatos. E um tanto quanto incoerente, caso venha apoiar uma chapa que o canhoto PDT também apoia.
O PL, por sua vez, está numa situação precária. O partido enfrenta um isolamento quase total. Assim como a candidatura de Peeter Grando surgiu de última hora, a escolha do vice também será. Entre os nomes que estariam em “banho-maria” estão os dos vereadores David Labarrica, do PRD, e Omar Tomalih, do União Brasil – que terá sua convenção no dia 05 de agosto, possivelmente confirmando aliança com Juliana Pavan.
O Partido Liberal também teria cogitado ir de chapa pura, com a ex-secretária de inclusão social, Christina Barrichello, ou com o empresário da construção civil Julio Cesar Pio Junior, neto do primeiro prefeito de Balneário Camboriú, Higino Pio. Mas tudo não passaria de cortina de fumaça para proteger o nome mais provável a ser impresso nos panfletos junto ao nome de Peeter: o do arquiteto Herasmo Furtado Junior, do PSDB, outro representante da construção civil.
De último momento, o Podemos, antigo partido do prefeito Fabrício, e que pertencia à base do governo, desertou do projeto de continuidade e embarcou no trenzinho da alegria de Pavan. Esse movimento pode ser interpretado como um sinal de que muitos veem a candidatura de Juliana como a única aposta viável para vencer as eleições, ou, pelo menos, como uma plataforma de barganha política.
A verdadeira questão é se essa estratégia de alianças indiscriminadas será suficiente para conquistar a confiança dos eleitores ou se acabará por alienar aqueles que ainda acreditam em uma política baseada em princípios e lealdade.
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