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Denúncias de caixa dois: Leonel e Juliana Pavan enfrentam acusações às vésperas da eleição

Áudios obtidos pela Folha de S. Paulo sugerem que Pavan teria recebido mais de R$ 1 milhão de empresários interessados em futuros contratos públicos nas prefeituras de Camboriú e BC

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Uma reportagem da Folha de S. Paulo neste 1º de outubro de 2024 trouxe à tona um escândalo de suposto caixa dois eleitoral envolvendo o ex-senador e ex-governador Leonel Pavan (PSD) e sua filha Juliana Pavan, candidatos às prefeituras de Camboriú e Balneário Camboriú, respectivamente. As denúncias surgem após a divulgação de áudios e mensagens que indicam um esquema de repasse de dinheiro em troca da promessa de contratos com as prefeituras dessas cidades, situadas no estado de Santa Catarina.

Denúncias e evidências

De acordo com a reportagem, os áudios obtidos pela Folha sugerem que Pavan teria recebido R$ 1,075 milhão via Pix de empresários interessados em futuros contratos públicos nas prefeituras de Camboriú e Balneário Camboriú. Esses valores teriam sido intermediados pelo lobista Glauco Piai, filiado ao PT de Itajaí e ex-assessor de Marta Suplicy durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo.

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Piai, preso no último dia 23 de setembro com R$ 100 mil em dinheiro vivo em Santa Catarina, aparece em áudios sugerindo repasses a Pavan com a promessa de obter contratos relacionados à administração de creches, merenda escolar e obras públicas nas prefeituras. Ele teria afirmado que assumiria o cargo de secretário de Governo caso Pavan fosse eleito.

Entre os valores mencionados, destaca-se um suposto repasse de R$ 500 mil para Pavan, provenientes de um empresário apelidado de “Turquinho” e de duas empresas de tecnologia. Em mensagens de fevereiro de 2024, Piai menciona a destinação de R$ 20 mil semanais ao ex-senador, além de R$ 20 mil mensais para uma agência de comunicação da campanha de Juliana Pavan. As transferências teriam sido feitas por intermédio de uma empresa de Piai, a Traccia Construtora e Incorporadora Ltda, que repassava os valores diretamente para contas ligadas a Pavan e a empresas indicadas por ele.

Além disso, a reportagem relata que outros empresários também estavam envolvidos nos repasses em troca de promessas de contratos públicos. O advogado Sergio de Carvalho Gegers, por exemplo, teria repassado R$ 100 mil para a empresa de Piai no dia 23 de agosto de 2024, após várias cobranças. Em outro caso, o empresário Felipe Augusto Souza de Albuquerque, da Construtora Soberana Ltda de Manaus, teria transferido R$ 300 mil, com a expectativa de controlar pequenas obras nas cidades envolvidas.

Defesa de Pavan e respostas dos acusados

Após a repercussão das denúncias, Leonel Pavan usou suas redes sociais para negar as acusações. Ele afirmou que as denúncias são “mentiras grosseiras” e parte de uma estratégia de seus adversários para prejudicar sua campanha. Em suas palavras, ele disse que “a eleição tem que ser limpa, com propostas e não com mentiras” e que “os ataques são tentativas de manchar sua honra e afetar a candidatura de sua filha”.

Juliana Pavan também não respondeu diretamente à reportagem da Folha, mas declarou, por meio de sua equipe, que as acusações contra seu pai são infundadas e que está à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a transparência de sua campanha.

Glauco Piai, citado como intermediário dos repasses, afirmou à imprensa que as informações divulgadas são fruto de um roubo de celular e que os dados não deveriam ser considerados. Ele também compartilhou com a reportagem um vídeo que supostamente mostra o momento em que seu celular foi furtado em um bar.

O empresário Eli Herbert Frezolone, citado nos áudios como intermediador de negociações com outro empresário, Valdomiro Francisco Coan, afirmou que não houve repasses de dinheiro, justificando que as promessas de contratos futuros não se concretizariam sem passar por processos de licitação. Frezolone confirmou que foi solicitado apoio financeiro para a campanha, mas negou ter feito doações.

O advogado Sergio de Carvalho Gegers negou, em um primeiro momento, qualquer envolvimento com repasses em troca de contratos, mas posteriormente divulgou uma nota por meio de sua assessoria jurídica, afirmando que as “supostas conversas” têm origem em um “celular produto de crime” e que não possui contrato com órgãos públicos.

Nota à imprensa de Leonel e Juliana Pavan

Em resposta formal às acusações, a equipe de Pavan divulgou uma nota à imprensa em que o candidato reitera que as denúncias são “infundadas” e parte de uma campanha de desespero do Partido Liberal, adversário direto nas eleições. Pavan esclareceu que os valores mencionados nos áudios estão relacionados a uma transação imobiliária privada firmada antes do período eleitoral, legalmente formalizada e com o pagamento de impostos devidos. Ele também mencionou que o terreno ainda não foi quitado integralmente e que parcelas futuras estão programadas.

O ex-governador afirmou que continuará focado em sua campanha, ressaltando seu compromisso com a legalidade e se dispondo a prestar qualquer esclarecimento necessário. Juliana Pavan, por sua vez, lamentou as acusações e reforçou que sua campanha é conduzida de forma transparente, oferecendo-se para esclarecer qualquer dúvida sobre sua idoneidade.

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