Balneário Camboriú enfrentou, entre a madrugada e a manhã desta quinta-feira (16), um volume de chuvas de quase 200 milímetros, equivalente à média esperada para todo o mês de janeiro. O acumulado em um curto período causou alagamentos, deslizamentos de terra e diversos transtornos no município, levando a Prefeitura a decretar estado de emergência nas primeiras horas do dia.
Durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira, a prefeita Juliana Pavan afirmou que a intensidade das chuvas não foi prevista, citando um alerta do Epagri/Ciram, órgão estadual de meteorologia, que indicava apenas 39 milímetros de precipitação para o dia.
“Fomos pegos realmente de surpresa, pois a própria Epagri projetou um alerta de chuva com cerca de 39 milímetros para a nossa região, e nós tivemos cerca de quase 200 mm em uma única manhã, um curto espaço de tempo”, declarou a prefeita.
Ausência de Equipamentos na Defesa Civil
A prefeita destacou a dificuldade enfrentada pela Defesa Civil municipal para atender a emergência devido à falta de equipamentos. Segundo ela, a ausência de materiais básicos — como colchões, lonas e telhas — foi causada pela falta de reposição de itens doados no ano anterior para outras regiões do país. “Infelizmente, a nossa Defesa Civil não tem os materiais a postos para atender situações como a de hoje pela manhã”, afirmou.
Ainda de acordo com Juliana Pavan, o estado de emergência foi decretado para garantir agilidade no atendimento à população e facilitar o acesso a recursos estaduais e federais. “Solicitei ao governador toda a ajuda possível. Hoje mesmo recebemos ligação do Fabiano, da Defesa Civil estadual, que já está enviando uma equipe para nos dar suporte”, completou.
Impactos nos Serviços e nas Comunidades
A chuva causou danos em órgãos públicos, vias e residências, além de provocar a interrupção de serviços essenciais. A prefeita afirmou que “quase todas as unidades de saúde estão suspensas no município”, incluindo o posto de saúde da Vila Real, que foi considerado inoperável devido à precariedade estrutural causada pelas chuvas. Os pacientes dessa unidade foram redirecionados para o Hospital Ruth Cardoso e outras unidades.
Nos bairros Ariribá e das Nações, deslizamentos de terra foram registrados. Equipes de geologia de Blumenau foram enviadas à cidade para avaliar a situação. Segundo a prefeita, Balneário Camboriú não possui equipes técnicas especializadas nesse tipo de análise, o que reforça a necessidade de colaboração regional em momentos de crise.
Moradores de áreas afetadas foram encaminhados para abrigos emergenciais montados no Centro Comunitário do Bairro das Nações, no Centro Comunitário da Barra e no Núcleo Infantil Sementes do Amanhã, no Bairro dos Municípios. Até o início da tarde, quatro famílias haviam se deslocado para esses abrigos, mas a Prefeitura teme que o número aumente conforme os danos sejam plenamente avaliados.
A Prefeitura também identificou resistência de algumas famílias em deixar suas residências localizadas em áreas de risco. A prefeita expressou preocupação com essa situação, destacando os perigos associados ao solo encharcado e possíveis deslizamentos.
Mobilização Regional e Pedido de Doações
A prefeita agradeceu o apoio de prefeitos de outras cidades, incluindo Porto Alegre, Canoas, Criciúma e Blumenau, que ofereceram suporte técnico e logístico. Segundo ela, essa colaboração foi fundamental para organizar os abrigos e começar o trabalho de recuperação nas áreas afetadas.
Juliana Pavan fez um apelo por doações de alimentos, colchões, cobertores e lonas. “Todas as doações são muito bem-vindas e extremamente necessárias. Nós não sabemos o que pode acontecer amanhã ou no próximo mês”, afirmou. Os itens estão sendo recebidos na Secretaria de Assistência Social, onde funciona a Casa da Família, localizada na Terceira Avenida.
A prefeita também destacou a solidariedade da população e de empresários locais, que cederam recursos e veículos para ajudar nos resgates. “Balneário Camboriú é uma cidade solidária e sempre ajudou outros lugares. Hoje, estamos precisando dessa ajuda”, disse.
Estado de Alerta
Com a previsão de mais chuvas nos próximos dias — cerca de 22 milímetros para esta sexta-feira (17) —, a cidade permanece em estado de alerta. A Prefeitura informou que as equipes de segurança e assistência social continuarão mobilizadas para atender a população e monitorar as áreas de risco.
A situação destacou a ausência de um plano de contingência no município. Juliana Pavan reconheceu a necessidade de desenvolver um plano de ação climática para garantir uma resposta mais ágil e coordenada em eventos futuros.