Diversos portais de notícia divulgaram neste sábado que a Praia Central de Balneário Camboriú estaria 100% própria para banho pela primeira vez desde agosto de 2022. Entre os veículos que reproduziram essa informação estão G1, Página 3, R7, NSC Total, ND Mais, Portal Menina, Linha Popular e Portal da Cidade Brusque. Contudo, uma verificação detalhada dos relatórios do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina desmente completamente o conteúdo do release oficial da Prefeitura.
O release em questão afirma que esta seria a primeira ocorrência de balneabilidade máxima na Praia Central desde agosto de 2022, porém, não bate com os dados oficiais compilados ao longo de 2024.
Os relatórios oficiais do IMA mostram que em 2024 há registro de dez datas diferentes em que a Praia Central apresentou 100% de balneabilidade. Assim, afirmar que “é a primeira vez desde 2022” que toda a orla estaria limpa contradiz a própria base de informações do IMA.
Segundo o levantamento, as seguintes datas em 2024 tiveram todos os pontos da Praia Central considerados próprios para banho:
- 01/04/2024
- 08/04/2024
- 22/04/2024
- 01/07/2024
- 12/08/2024
- 26/08/2024
- 30/10/2024
- 02/12/2024
- 04/12/2024
- 05/12/2024
Portanto, o suposto “fato inédito” noticiado não passa de uma informação falsa. Cabe ressaltar que as manchetes que celebram a “primeira vez desde 2022” replicam fielmente o release da Prefeitura, sem qualquer checagem rigorosa dos relatórios públicos.
Além do IMA, há ainda os dados da Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú (Emasa), que também divulga relatórios próprios. Contudo, a checagem realizada até agora baseou-se exclusivamente nas informações oficiais do IMA, que já demonstram, de forma inequívoca, a inconsistência na afirmação da Prefeitura e na divulgação feita pelos portais de notícia.
A publicação do release enganoso deixa dúvidas sobre a credibilidade e a transparência das informações repassadas pelo poder público e a confiabilidade das manchetes que acabam pautando a opinião pública. Até o fechamento desta reportagem, comunicação da prefeitura ainda não havia se manifestado sobre as divergências entre os relatórios do IMA e o seu anúncio oficial.
ATUALIZAÇÃO:
Após a publicação da matéria, a prefeitura enviou a seguinte justificação:
“Dos relatórios do IMA.
Em dezembro de 2024 foi intensificada a coleta pelo IMA para acelerar a mudança de parâmetro, de impropria para própria, atendendo pedido de algumas prefeituras – são necessárias três amostras seguidas abaixo do limite de escherichia coli para que o local seja considerado próprio. Nesse caso específico, as coletas estavam sendo feitas a cada dois dias. Foi uma excepcionalidade, com um resultado que fugiu à regra. Agora, estamos em coleta regular semanal de amostras.”