Os vereadores de Balneário Camboriú receberam a Escola de Cães Guias Helen Keller, na sessão desta quarta-feira (24). O presidente da entidade, Paulo Cesar Bernardi, ocupou a tribuna pública para apresentar os trabalhos realizados pela entidade, primeira escola de cães-guias do Brasil, e que atualmente busca reconhecimento na Federação Internacional de Escolas de Cães-Guias (International Guide Dog Federation – IGDF), tornando-a única entre os países subdesenvolvidos.
A escola foi fundada em Florianópolis pelo Dr Augusto Gonzaga, um idealizador que, de passagem pelo Rio de Janeiro no final da década de 70, viu um deficiente visual acompanhado de um cão, situação que o motivou a criar a Escola de Cães-Guias Helen Keller junto com amigos e entidades. As dificuldades eram grandes, principalmente em relação à capacitação de instrutores, sendo que das duas pessoas enviadas para cursos internacionais, uma não retornou e a outra não exerceu mais a atividade por desmotivação.
História da Escola Helen Keller em Balneário Camboriú
Em 2008, o ex-presidente da escola, João Nirto Diel, ao encontrar dificuldades para adquirir um cão guia tanto no país quanto no exterior, para o filho que perdeu a visão num acidente, convenceu Gonzaga a fazer a transferência da entidade para Balneário Camboriú. Com apoio de associações conseguiu viabilizar a ida do amigo Fabiano Pereira para fazer um curso de treinador de cães guia, que após dois anos formou-se pela escola Seeing Eye Dogs (SEDA) na Austrália. Segundo o presidente Paulo, atualmente Fabiano é o único treinador em atividade no Brasil e na América Latina, com capacitação reconhecida internacionalmente.
Há dois anos a escola sofreu um revés e perdeu todos os cães em treinamento, por conta de uma displasia coxofemural (uma doença ortopédica hereditária), que pode incidir em todas as raças, principalmente nas grandes e de crescimento rápido. Esse problema geralmente ocorre na articulação entre a bacia e o fêmur do animal, causando a má formação.
“Por questões de custos nós adquiríamos cães sem pedigree. Hoje, depois da lição que tivemos, nós temos 15 cães. São três labradores em treinamento; um golden retriever, reprodutor que ganhamos; um filhote de labrador com cinco meses; três fêmeas compradas para reprodução; dois flats-coated retriever (raça nova no país) sendo que com um destes cruzou com uma das fêmeas, e nós já temos uma produção própria de cinco cães”, relata Paulo.
“O direito de ir e vir, é o que motiva a escola. O nosso objetivo é a pessoa deficiente visual, que não consegue ver nada de modo algum. O instrumento que usamos é o cão, o qual nós treinamos com o maior empenho para que este animal possa dar mais segurança e ajuda na mobilidade do deficiente,” ressalta Paulo Bernardi.
De acordo com o presidente, para um universo de mais de meio milhão de deficientes visuais no Brasil (dados do IBGE/2010), destes 216 em Balneário Camboriú, com perda total da visão, há apenas 70 cães guia, sendo que quatro foram entregues pela escola. “Entregaremos um cão em duas semanas, e mais dois no ano que vem. Em 2015 pretendemos mais cinco,” comemora Paulo.
Pós-graduação Lato Sensu de Treinadores e Instrutores de Cães-guia
O projeto Centro de Treinamento Cães-guia, do Instituto Federal Catarinense (IFC) em Camboriú, é o primeiro de outros seis centros que serão instados no Brasil, através do governo federal. O curso técnico, com duração de dois anos, formará alunos que possam difundir a técnica. A localidade foi escolhida porque a Escola Helen Keller é referência no país e foi mentora do projeto. “Quanto mais escolas, mas deficientes terão seu cão”, salienta Bernardi.
A parceria feita com o IFC resultou na construção de um lugar para acolher e treinar os cães, com clínica veterinária e maternidade, além da área de convivência para o contato com os animais. Serão 78 cães guias das raças Golden Retrievier e Labrador, devido ao temperamento dócil e à inteligência, para serem socializados, treinados e entregues aos deficientes visuais que atendam os critérios técnicos de necessidade.
Treinamento dos cães guias e escolha do candidato
Paulo explicou que o treinamento é feito em três fases, sendo a primeira de 45 dias, enquanto filhote, e depois por 15 meses o cão fica alojado na residência de pessoas que se prontificam a ajudar, as famílias socializadoras. É a fase onde o cão aprende a conviver com a sociedade.
Na segunda etapa ele fica mais próximo do treinador e recebe todas as orientações por comandos. No plenário estava presente o deficiente visual Daniel, que está fazendo o treinamento de adaptação há duas semanas, nominada de terceira fase. Ele em breve se tornará independente com o seu cão.
Para que uma pessoa seja candidata é preciso que tenha independência ou tenha condições de se orientar e ter mobilidade. Os critérios para a escolha são seguidos pelo padrão internacional. Da lista dos inscritos através do site, por telefone ou pessoalmente, é dada prioridade aos da região pela praticidade de estarem próximos, e também, se as características do cão são adequadas à pessoa. Um cão enorme com uma passada longa, não é bom para uma senhora com uma passada curta.
O custo mensal para alimentar um cão é cerca de R$ 120,00. Além dos gastos eventuais em medicações e banhos. Se há necessidade de uma intervenção mais séria a escola ajuda, porque o cão é doado em regime de comodato. A propriedade do cão continua sendo da escola e o cliente tem apenas a posse, se não tratar bem o animal pode perdê-lo. Paulo informa que “até o fim da vida o cão é acompanhado, por isso não é motivo de um deficiente visual não o ter por questões financeiras”.
Como ser um voluntário socializador ou fazer doações
O treinamento de um cão guia pode levar até dois anos, ao custo de R$ 25 mil cada cão. As doações para a Escola Helen Keller podem ser feitas através de depósito em conta corrente:
Banco do Brasil – Agência: 1489-3
C/C : 30459-X
CNPJ: 039796370001-60
Dia Internacional do Cão Guia
Em 2013, a data de 24 de abril é o Dia Internacional do Cão Guia, comemorado na última quarta-feira deste mês, com o objetivo de chamar a atenção do público para a inclusão do deficiente visual na sociedade. Os cães-guia reconhecem os obstáculos e orientam ajudando a atravessar ruas, acessos a transportes públicos e caminhar pelos centros comerciais.
Pessoal, somos uma das familias socializadoras . E um trabalho maravilhoso. Porem gostaria de alertar que a Escola de Cães Guia, fica em CAMBORIÚ….
Unica escola? Em Brasilia-DF, temos uma escola de cães guia que em parceria com o Corpo de Bombeiros já treinaram e entregaram 43 (quarenta e três) cães guia. Dos setenta cães guia existentes no Brasil, 43 foram treinados e adaptado aos cegos por seis militares do CBMDF, os demais, 90% vieram do exterior. vamos falar a verdade e reconhecer mais este trabalho realizado pelos guerreiros do fogo, esta escola existe a 12 anos aqui em Brasília, localizada na academia de bombeiros, treinam cães da raça labrador utilizando uma técnica canadense, adaptada a realidade brasileira. que saber mais, fala com o bombeiros Amorim,Dias,Higor,Siqueira,Patricio, Passos e Rodrigo.