Na última semana, o 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela segurança em Balneário Camboriú e Camboriú, vivenciou uma troca de comando envolta em circunstâncias nebulosas e tensões internas. A mudança, cujos detalhes permanecem obscuramente velados, provocou inúmeros questionamentos e especulações, particularmente sobre as possíveis motivações políticas por trás dessa decisão.
A solenidade de passagem de comando, tradicionalmente um evento de celebração e reconhecimento, foi marcada por um ambiente de notável tensão. A ausência de um discurso de despedida por parte do Tenente-Coronel PM Rafael Vicente, o comandante cessante, rompeu com o protocolo usual. Embora Vicente tenha deixado uma nota de despedida em um grupo de imprensa, agradecendo a figuras como o ex-Comandante Geral da PMSC, Marcelo Pontes, a natureza discreta e silenciosa da transição foi inquestionavelmente atípica.
A postura reservada do batalhão, que normalmente dá ampla repercussão a tais eventos, também não passou despercebida. A falta de divulgação e a ausência de celebração indicaram que a mudança não foi um mero procedimento administrativo, mas talvez algo mais profundo e potencialmente problemático.
As implicações políticas dessa troca de comando não podem ser ignoradas, especialmente no contexto das declarações enigmáticas do prefeito Fabrício Oliveira em um evento militar recente. Suas palavras sobre “lealdade”, “ideologia” e “política” sugerem uma interconexão complexa entre a segurança pública e os jogos de poder político.
Essa situação se torna ainda mais intrigante ao considerarmos o perfil do atual Comandante-Geral da PMSC, Coronel Aurélio José Pelozato da Rosa, nomeado pelo governador Jorginho Mello. Informações circulam sobre o passado de Pelozato em um governo de esquerda no nordeste, nos anos de 2007 e 2008, e sua formação em uma escola comunista na China (University Of Foreign Languages/Chinese People Liberation Army 2014/2015), o que poderia ser interpretado como indicativo de inclinações políticas específicas.
Além disso, a situação interna do Partido Liberal, que abriga figuras como o governador Jorginho Mello, o prefeito Fabrício Oliveira e o deputado Carlos Humberto, parece estar em um estado de turbulência pré-eleitoral. O cenário é complicado pela luta pelo poder entre Carlos Humberto, que deseja ser o candidato do partido na eleição municipal de 2024, e Fabrício, que publicamente se opõe a essa ideia.
Os defensores de Carlos Humberto juram de pés juntos que não existe interferência do deputado na troca de comando para desestabilizar a segurança pública de Balneário Camboriú, uma vez que a PM estava alinhada com a Guarda Municipal da cidade. O comandante regional Jefferson Schmitt também nega que haja interferência política na troca do comando. Porém, rumores e declarações de fontes internas sugerem que há aspectos ainda desconhecidos nesta história, indicando um possível embate nos bastidores políticos e institucionais. “Tem muita coisa entre o céu o e inferno que a gente não soube até agora”, explana uma fonte ligada à Polícia Militar.