“Ontem eu Emanuelle Piechontcoski trabalhei na eleição zona 056 seção 178 na escola João Goulart em Balneário Camboriú-SC, tudo que aconteceu durante o dia foi relatado em ata, mas queria deixar aqui por escrito sob as minhas palavras o meu descontentamento e a falta de respeito conosco.
Cheguei as 06:45 e sai as 18:45 esgotada, cansada e triste por tudo que ocorreu. Desculpa se por algum momento eu não souber usar as palavras da forma correta ou for faltar com a cordialidade necessária.
Um de nossos mesários não compareceu para trabalhar, em nenhum momento fomos informados que poderia ser convocado/nomeado pelo presidente da seção outra pessoa da fila.
Estamos no ano de 2022, nossa urna começou a dar problemas desde o início da votação, o leitor de biometria não funcionava, fazíamos o protocolo de votação, tentativa de 4 vezes e após isso dávamos início ao outro protocolo com a assinatura de cada eleitor, como já estávamos com uma pessoa a menos o processo se tornou mais demorado, pois era uma pessoa para procurar no livro, essa mesmo conferia os documentos, ditava o título, retirada o comprovante de votação, e ainda pedia a assinatura do eleitor, porque mais de 70% não passou na biometria, a ponto de demorar de 5 a 10 min por casa eleitor, muitas vezes a luz azul acendia para o eleitor colocar o dedo, porem a vermelha que faz a leitura não acendia, assim desde as primeiras horas a nossa seção já tinha filas enormes, as pessoas começaram a se exaltar, eu sai do meu local a pedido da presidente de mesa e fui atras do diretor de prédio, cheguei na sala designada e ali não encontrei uma pessoa, sai então em meio à multidão procurar uma pessoa para nos auxiliar, encontrei uma pessoa, e está nos informou que era para ligar no telefone 47 33667799, liguei as 09:10 e ninguém nos atendeu, avisei ao presidente de mesa, após 2 tentativas do celular dela, ela conseguiu, e fomos informados que era apenas para seguir o protocolo, que no caso já estávamos seguindo desde o começo e para mudar de tomada, porque desde o início da votação ela não dava sinal de carregamento.
Após isso depois de uma hora mais ou menos um fiscal do TRE foi até a nossa seção, observou e constatou que realmente estávamos com problema em nossa urna, informou que desceria e pegaria outra urna. Passado mais algum tempo chegou a nova urna, nisso a fila já estava com uma demora de 1 hora e meia, as pessoas começaram a se exaltar e querer entrar na seção, gritos, e insultos vindos, e o questionamento do porque estava ocorrendo tanta demora, e o porquê da troca de urna, alguns já começaram a falar que era golpe ou fraude, mais uma vez fui orientada pela presidente para que chamasse o apoio da polícia militar, estes que estariam na parte de fora do prédio, desci, e voltei com eles o policial por hora conseguiu conter os eleitores e informou que devido ao problema com a urna, foi feito a troca, e que como estávamos com uma fila de prioridades chamaríamos uma pessoa com prioridade e outra da normal, prioridade está que é amparada por lei.
Um adendo para: o fiscal nos informou que as urnas eram todas muito antigas, que outras seções estavam com o mesmo problema, e que a nossa urna que já era de 2010 foi trocada por uma de 2009. Trocadas as urnas achamos que os problemas seriam solucionados, muito engano, a biometria continuo com problema, no livro dos eleitores acredito que umas 05 pessoas estavam sem o cadastro biométrico, e metade dos eleitores não conseguiram votar com a biometria na minha seção.
Por volta de 12:30 a fila estava beirando as 03hrs de espera, as pessoas sem aciência reclamando dos rioritários, até que a eleitora de forma exaltada começou a desferir palavras contra nos Ilicsano, como burra, tonta, incompetente, tansa. Ela estava na
fila, por vários momentos saia do seu local da fila, ia até a porta e começava a falar essas palavras citadas, falou que estávamos de má vontade, que era por pirraça nossa que a fila não andava, incitava o ódio nos demais eleitores que junto com ela começaram a nos xingar aos gritos, temidos de que algo maior pudesse acontecer, a
presidente solicitou que mais uma vez eu solicitasse apoio da PM, desci e não os encontrei na frente do prédio, voltei e as 12:25 liguei para 0 190 em uma ligação de 01 minuto, solicitei o apoio da PM, pois estávamos com medo, a polícia não apareceu, a presidente de mesa ligou, explicou, a polícia não apareceu, a presidente ligou mais
uma vez, a polícia não apareceu, a presidente chamou o que eu acreditou ser a Juíza Eleitoral, e esta falou que estaria indo até a nossa seçao, e também não apareceu, chegamos ao ponto de querer ir embora e abandonar tudo, e depois responder por nossos atos, isso seria melhor do que sofrer esses insultos que nós foram deferidos, e ainda com medo de acontecer algo pior como uma agressão a nós voluntários que estávamos ali a trabalho da justiça eleitoral.
Saliento que a eleitora gravou tanto eu quanto as demais pessoas ali sem a nossa autorização. Com o não apoio da PM e dos demais órgãos tentamos seguir com
o dia, ouvindo palavras e ofensas. Como já estávamos em um número reduzidos não conseguíamos ir ao banheiro fazer as necessidades básicas do ser humano, segurávamos até o limite, e quando saímos éramos mais uma vez “xingados” pelas pessoas da fila, porque o mesário não tem o direito de fazer as necessidades.
Agora um ponto que faltou muita empatia de todos os órgãos eleitorais, não podíamos sair, pois já estávamos em um mesário a menos, estava um calor absurdo, não tinha água, porque mesmo levando de casa acabou, em outros anos que trabalhei como mesária pelo menos água forneceram a nós, e eu tive que trabalhar passando sede, que horas que os mesários comem? Porque com uma pessoa a menos é impossível fazer o revezamento de pessoas, para que a pessoa tire 15 minutos para se alimentar, ou seja o mesário além de não ir ao banheiro, não ter água suficiente, ele também não
consegue se alimentar, é um retrocesso sem tamanho, não vivi a escravidão, mas ontem eu me senti dessa forma, uma escrava, que estava ali para trabalhar, sem direito a nada, e para ouvir desaforo dos eleitores que se achavam superiores a nós. Totalmente descontente…
Peço mais uma vez desculpas caso tenha me exaltado em meio as minhas palavras, mas o que ocorreu ontem não pode se repetir. Peço que os órgãos responsáveis se sensibilizem conosco para que o segundo turno não ocorras estas situações.
Respeitosamente,
Emanuelle Piechontcoski”