A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as obras e o funcionamento da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e outras questões relacionadas à Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) tem gerado discussões acaloradas nas rodas políticas de Balneário Camboriú. Entretanto, pouco se fala sobre o impacto negativo que essa CPI pode causar na imagem da cidade e na cadeia produtiva do turismo.
A proposta de instauração da CPI estava paralisada há quase um ano, precisando de uma assinatura para ser viabilizada. Essa assinatura foi finalmente obtida do vereador Cristiano, que recentemente trocou de partido, saindo do PL para se filiar ao PSD, partido da candidata de oposição, Juliana Pavan. A mudança de posição do vereador foi vista como uma manobra eleitoreira, com a bênção do deputado Carlos Humberto, outro reconhecidamente magoado com o prefeito Fabrício Oliveira.
A movimentação política levanta várias questões: por que o vereador Cristiano não notou os problemas na Emasa enquanto fazia parte do governo? O meio ambiente realmente só passou a correr riscos agora, com a aproximação das eleições? A súbita mudança de postura após a troca de partido sugere que a CPI está sendo usada como instrumento político, visando favorecer candidaturas específicas, ao invés de focar na defesa do meio ambiente e da cidade.
A efetividade da CPI também é questionável. O que os vereadores poderão apurar que o Ministério Público (MP) e o Instituto do Meio Ambiente (IMA) já não investigaram? Vale lembrar que uma CPI geralmente encaminha suas conclusões para o MP, que já analisou os fatos em questão e tomou as providências necessárias. Portanto, resta saber o que a CPI realmente acrescentará além do aspecto político.
A repercussão dessa CPI na economia local, especialmente no turismo, é uma preocupação real. A Folha de São Paulo já abordou o tema, criticando Balneário Camboriú, o que pode beneficiar outras cidades concorrentes, especialmente no estado de São Paulo. A imagem negativa projetada pela CPI pode ser explorada nacionalmente, prejudicando a competitividade turística de Balneário Camboriú e impactando negativamente toda a cadeia produtiva local.
A cidade de Balneário Camboriú agora observa apreensiva a guerra eleitoral, enquanto arca com os possíveis custos dessa CPI de cunho político-eleitoral.