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CPAC: jornalista credenciada é hostilizada em armadilha para a imprensa

Repórter da CNN Brasil se viu cercada por uma multidão enfurecida e incitada pelo próprio palco do evento

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Uma repórter da CNN Brasil, que cobria o maior evento conservador do mundo, o CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), foi hostilizada enquanto trabalhava no Expocentro de Balneário Camboriú. A situação, que foi incitada pelo mestre de cerimônia, foi transmitida pela live oficial do evento.

jornalista hostilizada cpac

No sábado, 6 de julho, Isadora Aires, que estava devidamente credenciada, desempenhava seu trabalho com profissionalismo, narrando os acontecimentos de maneira sóbria e coerente. Sua presença no evento não era apenas permitida, mas esperada como parte da cobertura jornalística do maior evento conservador do mundo. No entanto, durante sua transmissão ao vivo no programa AGORA CNN – NOITE, a situação tomou um rumo inesperado.

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Enquanto tentava relatar os acontecimentos, Isadora foi abruptamente interrompida por gritos de “fora Lula” de um grupo de participantes. A transmissão foi cortada, e o apresentador Gustavo Uribe, perplexo, lamentou: “Ô Isadora, a gente não está conseguindo te ouvir porque tem um grupo gritando atrás de você e não respeita o trabalho da imprensa. O presidente Jair Bolsonaro disse, é importante valorizar, dar espaço pra imprensa profissional, ouvir os profissionais da imprensa. E a gente vê essa cena lamentável das pessoas que não entendem o que é liberdade de imprensa e a importância do trabalho da imprensa, imprensa profissional que noticia o que acontece”.

No domingo, 7 de julho, o ambiente não foi diferente. Durante uma transição entre palestrantes, a transmissão oficial do CPAC mostrou um grupo avançando sobre a jornalista, gritando e vaiando, enquanto o mestre de cerimônias, Paulo Vitor Souza, incitava a multidão ao invés de apaziguá-la. “Tá tendo uma muvuca, mas eu gostaria de pedir para vocês priorizarem o que está acontecendo aqui, está certo?”, ele disse inicialmente. No entanto, ao ouvir os gritos de “Lula Ladrão seu lugar é na prisão”, Paulo incentivou os manifestantes a gritarem mais alto, transformando o momento em um espetáculo de intolerância.

Cercada por câmeras de celulares e gritos de “Globo lixo”, “lixo, lixo” e “Globo aqui não”, Isadora tentava manter a compostura em meio ao caos. Áudios vazados mostravam que a multidão a identificava erroneamente como uma petista. Esse erro grotesco foi amplificado nas redes sociais, onde Tati Magalhães, pré-candidata a vereadora pelo Partido Liberal (PL) de Niterói, divulgou um vídeo no qual se gabava de ter impedido a CNN de cobrir o evento. “CNN tentando gravar, não conseguiu gente, não vai conseguir, infelizmente não dá. O maior evento conservador da direita, querendo vir aqui gravar? Aqui não”, ela narrava, enquanto a multidão continuava a hostilizar a repórter.

A situação se tornou ainda mais crítica quando Isadora precisou ser escoltada por seguranças e, posteriormente, pela Polícia Militar e Guarda Municipal, até seu carro de aplicativo. A multidão, incansável, continuava a ridicularizá-la enquanto ela deixava o local, destacando o completo desrespeito e a violência verbal direcionada à imprensa.

Ao retornar ao palco, Paulo Vitor Souza fez piadas e minimizou a gravidade da situação, afirmando que era “um petista” que tentava atrapalhar o evento, incentivando o público a lançar insultos. Posteriormente, ele tentou corrigir-se, mas de maneira igualmente irresponsável: “Eu recebi informação, e às vezes a gente comete erros, né pessoal? E eu quero aqui me retratar, pedir desculpa. Eu falei: ‘ah, a CNN’, falei petista, me desculpa, não é, me desculpa, era pior, era comunista, era uma repórter da Globo que estava aqui”, e, rindo, incitava o público a repetir os gritos de “Globo lixo”.

Este episódio, transmitido ao vivo, se configurou como uma verdadeira armadilha para a imprensa, evidenciando a falta de profissionalismo e o ambiente hostil preparado para os jornalistas. A CNN Brasil, como veículo de imprensa, estava ali para informar e oferecer uma cobertura justa e precisa do evento, mas se deparou com um cenário de intolerância e hostilidade.

Os vídeos que circulam nas redes sociais, mostrando participantes orgulhosos de terem “expulsado a Globo”, revelam uma massa desinformada, agindo sob efeito manada, incapaz de distinguir entre veículos de comunicação e compreendendo mal o papel vital da imprensa na sociedade. A atitude dos organizadores e participantes do CPAC em Balneário Camboriú não só prejudicou uma profissional no exercício de seu trabalho, mas também lançou uma sombra sobre a liberdade de imprensa no Brasil.

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