BALNEÁRIO CAMBORIÚ – O debate sobre o projeto de lei que altera o Estatuto da Guarda Municipal de Balneário Camboriú, aplicando uma maior racionalidade nas carreiras da corporação, vem alimentando uma rede de intrigas internas. Conforme a reportagem apurou, alguns membros, uma minoria contrariada e com ligações políticas, vem estimulando resistências internas na GM.
Entre outras mudanças, o projeto que será encaminhado na próxima segunda-feira, 23.ago.2021, à Câmara de Vereadores, amplia o tempo para os guardas chegarem ao topo da carreira, incluindo um tempo maior dedicado à corporação. A justificativa de tal medida parte do princípio que, assim, os guardas que desejam crescer na carreira serão estimulados a estudarem mais, a se dedicarem mais ao trabalho e ao aperfeiçoamento. A consequência será uma Guarda mais preparada e qualificada para o enfrentamento da criminalidade e atendimento da população.
E é por conta dessa mudança proposta ao Estatuto e pela cobrança por parte da cúpula da Secretária por mais ações da GM – ou seja de mais trabalho, que alguns insatisfeitos tem tentado desestabilizar o trabalho da corporação. Movimento velado, em especial, por alguns membros que se viram contrariados com a troca de comando da Guarda no final do ano passado.
A resistência às mudanças na GM chegou ao seu ápice nos últimos dias com denúncias ao Ministério Público e boletins de ocorrência feitos por alguns representantes desse movimento contra o secretário de Segurança, Gabriel Castanheira.
Consultado, o secretário afirmou à reportagem que essas situações são normais quando se buscam mudanças. “Estou aqui para ver a GM avançar. Pessoas que viviam em uma zona de conforto não querem mudar, mas esquecem que são servidores da sociedade, que espera mais das forças de segurança. Os fantasmas que fabricam denúncias, ligados à forças políticas, com interesses mesquinhos, não conseguirão atrapalhar a evolução da corporação. Nem tampouco me intimidar”, finalizou Castanheira.
Os números da GMBC
Balneário Camboriú possui o maior efetivo de Guardas Municipais do Estado. À frente de Florianópolis e Joinville, cidades com muito mais habitantes. Essa realidade, aliada à ostensividade do seu trabalho, assegura à GM a liderança em números de prisões e apreensões entre as forças de segurança que atuam na cidade.
Os números, que foram objeto de reportagem nesta semana pela NSC, confirmam. Foram mais de 600 prisões e mais de 100 foragidos capturados. Contudo, menos de 10% permaneceram presos. Muito por conta de uma legislação penal mais permissiva em relação aos crimes de menor potencial ofensivo, como furto, roubo, comércio e uso de drogas. Realidade que recebe a contribuição da carência de estrutura e pessoal no sistema judiciário e prisional e nas demais forças de segurança.
Os expressivos números da GMBC no enfrentamento aos criminosos têm uma explicação lógica. Aborda mais, fiscaliza mais e com isso, prende mais. “Essa é a maneira de fazer o enfrentamento, se ficarmos passivos, perderemos o controle da cidade. Precisamos ser ainda mais ostensivos”, diz Castanheira.