Está sob análise da Procuradoria Regional Eleitoral de Santa Catarina um inquérito da Polícia Federal (PF) que indicia o deputado estadual e ex-secretário de Estado da Saúde Dado Cherem (PSDB) por crime eleitoral.
O caso foi investigado pela delegacia de Itajaí e tem relação com fatos ocorridos nas eleições de 2008 em Balneário Camboriú. À época, o tucano disputou a prefeitura do município, mas acabou derrotado por Edson Renato Dias (PMDB).
Em gravações de vídeo, o deputado aparece na casa de uma eleitora oferecendo trabalho na campanha eleitoral e supostos benefícios, como vaga em creche e consulta médica.
O inquérito foi encaminhado em setembro de 2009 ao cartório eleitoral de Balneário Camboriú e ao Ministério Público Eleitoral. Os dois órgãos não analisaram a situação e repassaram o inquérito ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), pois Cherem tem foro privilegiado por ser deputado estadual.
Até o momento, o procurador Claudio Dutra Fontella não emitiu parecer sobre a denúncia. Ele foi procurado pela reportagem do Jornal de Santa Catarina nesta terça-feira, mas cumpria expediente no Ministério Público Federal (MPF) e preferiu manifestar-se sobre o assunto apenas quando estivesse no TRE-SC.
A Polícia Federal também não deu detalhes sobre o indiciamento, alegando que o inquérito foi concluído e que cabe à Justiça Eleitoral manifestar-se. De acordo com a assessoria de comunicação do TRE-SC, o código eleitoral prevê pena de até quatro anos de reclusão e multa, quando comprovada compra ou troca de favores por votos de eleitores.
A reportagem teve acesso ao vídeo da denúncia, que tem cerca de 15 minutos. O deputado aparece uma única vez, quando chega à casa da mulher a quem teria oferecido benefícios, acompanhado de dois assessores, um deles candidato a vereador. Uma outra mulher entra na casa minutos depois. No tempo restante, aparecem apenas as mulheres e os dois homens que acompanham o deputado.
Na conversa, as mulheres são convidadas a trabalhar na campanha de Cherem e reclamam de falta de vagas em creches e demora em consultas médicas e odontológicas. Em seguida, o grupo discute formas de encaminhar a solução dos problemas das duas eleitoras.
O que diz o deputado
Dado Cherem confirma que esteve na casa de uma pessoa para contratá-la para trabalhar com ele na campanha eleitoral. Segundo ele, o trabalho não envolvia a troca por votos. Cherem considera as gravações uma armação feita por adversários políticos.
O deputado conta que, assim que soube que estava indiciado, procurou a polícia e promotores para dar sua versão. Ele assegurou que está tranquilo, pois não cometeu crime eleitoral.
JORNAL DE SANTA CATARINA