No início da madrugada do dia 1º de junho de 2024, a Polícia Militar de Balneário Camboriú foi acionada para atender a uma ocorrência de homicídio na Rua Amapá, 219, em frente à rodoviária. Ao chegarem ao local, as guarnições da Guarda Municipal já estavam presentes e informaram que o crime ocorreu no apartamento 30, onde encontraram a vítima vestida de mulher. A vítima foi identificada como Douglas, de 37 anos, conhecido nas redes sociais como “Phamella Cdzinha”.
Douglas era um crossdresser, uma pessoa que adota temporariamente vestimentas, comportamentos e, às vezes, papéis de gênero atribuídos ao sexo oposto, sem necessariamente se identificar permanentemente com o gênero representado. Phamella Cdzinha vivia uma vida de extremos, marcada por perigos constantes. Conhecida por sua “caridade” inusitada, ela se oferecia para fazer sexo com pessoas em situação de rua, publicando suas aventuras em plataformas de assinaturas online.
A Última Mensagem
A sua última publicação no Twitter (ou “X”), deixou um ar de mistério no ar. Sete horas antes de sua morte, Phamella postou um tweet enigmático, que está sendo examinado como potencialmente ligado ao seu assassinato. “ESTÁ FEITO…..”, postou às 17h14min do dia 31 de maio.
Indícios de Perseguição
Nos meses que antecederam sua morte, Phamella deu indícios de estar sendo perseguida e alvo de tentativas de golpes. Em 18 de março, ela compartilhou uma foto de seu novo “cafofo” com a legenda: “O meu local é seguro com interfone é um prédio! Não tem como nenhum maluco vir aqui me incomodar! Aquele covarde que estava me incomodando, me perseguindo, era um medroso, porque ele nunca tentou um embate pessoal. Só parecia escondido atrás dos muros para me espiar”. Quando questionada sobre o que havia acontecido, ela respondeu: “Um covarde ficou me perseguindo e me vigiando à noite na frente da minha casa! Mas ele nunca teve coragem para bater de frente comigo. Só parecia mesmo de longe para espiar. Coisa de covardão”.
Em 10 de maio, Phamella alertou seus seguidores sobre supostos golpes envolvendo seu nome: “Eu não vendo conteúdo por Whatsapp, no meu pix está cadastrado meu nome verdadeiro! E sabe que existe muito viado lixo, que está doido pra dar golpe querendo saber nome completo pra extorquir e tentar se dar bem. Venda só pela plataformas.” Em uma resposta a um comentário deletado, ela afirmou: “Não! Não apenas tentativas fracassadas de uma gayzinha safada penosa de Itajaí! Mas é isso aí, não bota medo em ninguém. Outro detalhe! Essa gay, eu sei onde ela mora, eu sei onde encontrar ela, e já tenho três pessoas que ela tentou extorquir, e qualquer vacilo dela, ela vai ser chamada na justiça! Inclusive, já conversei com o gerente de um hotel onde ela expôs! Enfim, a história é longa.”
Mais recentemente, em 22 de maio, ela publicou um print de uma conversa com um policial civil que a orientava a registrar uma denúncia, com a legenda: “Vou mostrar pra essa gay, esse covarde que adora se esconder atrás de WhatsApp pra dar golpe! Vamos ver… 😂😜! Amanhã vai ser um dia corrido. Chega dessa palhaçada! Merece muito, eu vou fazer justiça por muitos que foram extorquidos por esse lixo.”
O Fim Trágico
Na madrugada fatídica, a Polícia Militar e a Guarda Municipal encontraram Douglas, vestido como Phamella, morto a facadas em seu apartamento. As investigações iniciais sugerem que o autor do crime entrou no prédio com a autorização da vítima. Até o momento, o autor não foi localizado, e a motivação do crime permanece desconhecida.