A vereadora de Camboriú Jane Stefenn entregou sua desfiliação do PSDB. O destino político de Jane já está definido: a vereadora faz parte agora do recém-criado Rede Sustentabilidade. Ela explica que desde o início do mandato tem se dedicado à fiscalizar o Executivo, um dever dos vereadores, mas que o partido não aceitou bem as críticas. “Entendo que são poderes distintos, porém eles não veem da mesma forma”, comenta.
Junto com seu pedido de desfiliação, Jane entregou uma carta ao diretório. Nela, agradece o espaço que a sigla lhe deu para que pudesse conquistar uma vaga na Câmara. Relata, entretanto, que a situação estava insustentável. “Ou era ignorada pelo partido, sem nem ser convidada para as convenções, ou era perseguida”, afirma.
A vereadora cita um caso específico, ocorrido em 2013, quando fez um requerimento solicitando os dados de servidores. “Minha intenção foi fiscalizar as situações de nepotismo e o que ocorreu foi que servidores foram demitidos. No momento da demissão, eles recebiam cópia do meu requerimento”.
Na carta, a vereadora também afirma que vai continuar fiel ao seu mandato, defendendo a população de Camboriú e lutando contra a corrupção.
A carta da vereadora na íntegra:
“Entrego esta carta junto do meu pedido de desfiliação porque entendo ser meu dever dar explicações à sigla pela qual me elegi como vereadora, aos meus eleitores, assim como a toda população de Camboriú, população que represento no exercício do meu mandato.
É de conhecimento público que a manutenção de meu nome dentro dos quadros de filiados do PSDB tinha se tornado insustentável. Desde o início de meu mandato de vereadora, quando apontei problemas na administração da prefeita Luzia Coppi Mathias, tenho sigo ignorada pelos meus correligionários – inclusive, sem convites para participações nem mesmo das convenções do partido.
É importante lembrar que Legislativo e Executivo são poderes distintos e que o vereador tem a prerrogativa de fiscalizar as ações do Executivo – inclusive, este é um dos seus deveres. Mas muitos políticos de Camboriú não interpretam desta forma, exigindo que os vereadores de partidos aliados apenas defendam o governo e os seus interesses na Câmara.
Mais do que ser ignorada dentro do partido, muitas foram as situações de perseguição que enfrentei. A mais clara delas ocorreu em 2013, quando solicitei, através de requerimento, a divulgação dos dados dos servidores da Prefeitura – uma exigência da Lei da Transparência.
À época, a Prefeitura demitiu alguns servidores ligados a casos de nepotismo. Junto com a demissão, estes servidores receberam uma cópia de meu requerimento e a explicação dada era que estavam sendo demitidos por minha causa. Essa atitude do Poder Executivo, liderado pela prefeita Luzia Coppi Mathias, levou pessoas a me ameaçarem, inclusive de morte.
Para mim, foi muito difícil enfrentar tal situação, assim como foi difícil verificar colegas de bancada reprovando pedidos de informação que apresentei na Câmara de Vereadores.
Tudo esse contexto evidencia o fato de que o PSDB de Camboriú tem restringido e limitado o desempenho de minhas atividades partidárias. E, ainda mais grave, tem tentado cercear a minha atividade como vereadora. Por isso, saio do quadro de filiados do PSDB. Reforço, entretanto, que durante todo o período que fiquei no partido procurei seguir os princípios que norteiam o PSDB.
Agradeço pelo espaço que o partido me concedeu para ser candidata, mas os fatos ocorridos deixam claro que isto não voltaria a acontecer. Para finalizar, destaco que continuarei fiel ao meu mandato, defendendo a população de Camboriú e lutando contra a corrupção no Poder Público”.