O debate entre os candidatos à Prefeitura de Balneário Camboriu, realizado pela Rádio Menina, foi marcado por intensos embates entre os participantes, com acusações de corrupção, críticas à gestão atual e propostas para temas sensíveis, como educação, saúde, mobilidade urbana e saneamento básico. A disputa contou com a presença dos seis candidatos: Peeter Grando (PL), Juliana Pavan (PSD), Claudir Maciel (PSB), Marisa Zanoni (PT), André Meirinho (PP) e Lucas Gotardo (Novo), todos buscando se posicionar como a melhor alternativa para a administração da cidade.
Corrupção e ataques frontais
Logo na abertura do debate, Peeter Grando trouxe à tona uma grave denúncia de corrupção, que segundo ele, envolve diretamente a família da candidata Juliana Pavan. Grando citou uma matéria publicada na Folha de São Paulo, mencionando um esquema de desvios envolvendo contratos da prefeitura e sugerindo que Juliana e seu pai, Leonel Pavan, estariam beneficiando empresários em troca de dinheiro para campanhas eleitorais. Ele afirmou que, caso eleito, a prefeitura “não voltará a ser um balcão de negócios”.
Juliana, visivelmente incomodada com as acusações, se defendeu. Negou veementemente as alegações de corrupção e rebateu Peeter, acusando-o de se valer de ataques baixos para desviar o foco de um debate de propostas. Ela destacou que sua candidatura é independente e criticou o “continuísmo” da gestão atual de Fabrício Oliveira, afirmando que trará um “choque de gestão” para a cidade. Juliana ainda ameaçou Peeter com medidas legais, afirmando que ele “responderia criminalmente” pelas acusações feitas durante o debate.
O confronto entre os dois não se limitou a essas trocas de acusações. Ao longo do debate, Peeter reforçou sua narrativa ao trazer detalhes do que seriam conversas via WhatsApp entre Juliana e um suposto operador de esquemas ilícitos, sugerindo que a candidata teria profundo envolvimento nas irregularidades. Juliana, por sua vez, reiterou seu compromisso com a transparência e a eficiência na gestão pública, prometendo transformar Balneário Camboriu.
Críticas à gestão de Fabrício Oliveira
A gestão do atual prefeito, Fabrício Oliveira, também foi alvo de duras críticas. O candidato Lucas Gotardo, ex-aliado de Fabrício, destacou que a cidade sofre com um “cabide de empregos” e que a administração pública precisa de uma gestão mais técnica. Ele prometeu acabar com as indicações políticas para cargos comissionados e realizar processos seletivos para funções estratégicas da prefeitura. Gotardo fez questão de frisar que é a única opção verdadeiramente nova e criticou tanto Peeter quanto Juliana Pavan, afirmando que ambos representam a continuidade da atual administração, que ele classificou como ineficiente.
André Meirinho também foi enfático em suas críticas à gestão atual, especialmente no que se refere ao saneamento básico. Ele acusou o governo de Fabrício Oliveira de desmantelar a estação de tratamento de esgoto, que passou de 98% de eficiência para apenas 1%, segundo ele. Meirinho, que foi o autor de uma CPI para investigar irregularidades no saneamento, afirmou que mais de R$ 100 milhões foram desviados, afetando a saúde pública e a imagem turística da cidade. Ele prometeu, se eleito, modernizar a estação de tratamento de esgoto e melhorar a gestão hídrica do município, propondo a criação de um parque inundável em parceria com Camboriu.
Propostas para a cidade
A educação foi outro tema que gerou debates acalorados. Juliana Pavan criticou a gestão de Fabrício Oliveira pela queda nos índices do IDEB e prometeu expandir o ensino em período integral e implementar creches noturnas. Ela também prometeu valorizar os professores e reestruturar o sistema educacional para atender as demandas da população.
Claudir Maciel, por sua vez, destacou sua experiência com educação pública e criticou duramente a atual administração, afirmando que ela regrediu em termos educacionais. Ele defendeu a criação de pelo menos três novas escolas em tempo integral, com foco em uma educação que integre pedagogia, esporte, lazer e cultura. Claudir se posicionou como uma alternativa aos dois principais grupos políticos da cidade, enfatizando que não tem padrinhos políticos e que sua candidatura representa a verdadeira mudança para Balneário Camboriu.
Marisa Zanoni trouxe uma visão mais social e inclusiva para o tema, criticando a proposta de escolas cívico-militares e defendendo um modelo de educação democrática e emancipatória, inspirado em Paulo Freire. Ela defendeu um ensino que valorize a diversidade e a autonomia dos estudantes, além de prometer diálogo com o governo federal para garantir mais investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana para a cidade.
No campo da saúde, a maioria dos candidatos reconheceu os problemas enfrentados pelo Hospital Ruth Cardoso, que atende uma população muito maior do que a sua capacidade original. Juliana Pavan propôs regionalizar os serviços de saúde para aliviar a sobrecarga no hospital e criar parcerias com municípios vizinhos. Claudir Maciel defendeu a construção de um hospital anexo de 10 andares, focado em especialidades e exames, enquanto Gotardo prometeu reorganizar o sistema de saúde com base em eficiência administrativa e eliminar o que chamou de “desvios de foco” na gestão atual.
Saneamento e segurança pública
O saneamento foi um dos temas mais discutidos, com Meirinho, Gotardo e Peeter criticando o descaso da atual administração. Gotardo prometeu privatizar parte dos serviços da Emasa e trazer mais investimentos para a infraestrutura da cidade, enquanto Meirinho destacou a importância de avançar nas questões hídricas para evitar problemas futuros com o abastecimento de água.
No campo da segurança pública, Lucas Gotardo defendeu a ampliação do efetivo da Guarda Municipal e a realocação dos guardas em funções administrativas para reforçar o policiamento nas ruas. André Meirinho propôs a criação de uma Secretaria de Ordem Pública e o uso de tecnologia, como drones e câmeras de segurança, para tornar Balneário Camboriu uma referência em segurança no Brasil.
Considerações finais
Nas considerações finais, os candidatos mantiveram o tom incisivo. Lucas Gotardo reiterou que é a única opção verdadeiramente nova e pediu votos para sua gestão baseada em competência técnica e transparência. Juliana Pavan reforçou suas propostas para saúde e educação, pedindo votos para trazer uma gestão “verdadeira” e “eficiente” à cidade. Claudir Maciel destacou sua experiência e compromisso com a educação e a segurança, apresentando-se como a mudança necessária, enquanto Marisa Zanoni defendeu uma política mais inclusiva e socialmente justa, prometendo trabalhar por uma cidade mais humana e acolhedora.
Peeter Grando finalizou o debate com novos ataques à Juliana Pavan, insistindo nas acusações de corrupção e pedindo aos eleitores que optassem pela “mudança real”, representada por ele e seu grupo político.