O governador de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), enfrenta uma crise política dentro da Polícia Militar do Estado após o comandante-geral da corporação, coronel Aurélio Pelozato, descumprir uma ordem direta para reconduzir o tenente-coronel Rafael Vicente ao comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Balneário Camboriú. A informação foi apurada pelo jornalista Róbinson Gambôa e revela um episódio de insubordinação que pode comprometer a autoridade do chefe do Executivo estadual e desgastar sua relação com setores estratégicos de sua base política.
Nomeação travada e tensão na Polícia Militar
Desde a saída de Rafael Vicente em dezembro de 2023, o 12º BPM passou por constantes trocas de comando. O batalhão foi liderado pelo tenente-coronel Eder Jaciel de Souza Oliveira até março de 2024, quando se afastou por motivos de saúde. Em seguida, o comando foi assumido pelo major Márcio Leandro Favoretto, que segue no posto.

Segundo a apuração de Gambôa, a ordem para reconduzir Rafael Vicente ao cargo partiu diretamente do governador Jorginho Melo, atendendo a uma demanda popular da região de Balneário Camboriú. O oficial é visto por parte da população como um nome de confiança para a segurança pública local, e sua nomeação também era defendida por setores políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aliados do governador. No entanto, o comandante-geral da PM, coronel Aurélio Pelozato, teria se recusado a cumprir a determinação, gerando um impasse sem precedentes dentro da corporação.
A resistência de Pelozato, conforme aponta o jornalista, seria motivada por questões pessoais, mas também evidencia fissuras internas na segurança pública do estado. O episódio tem sido interpretado como um ato de insubordinação que mina a autoridade de Jorginho Melo, ampliando seu desgaste entre apoiadores e na estrutura de comando da Polícia Militar.
Crise no comando da PMSC e demora em nomeações
Além do impasse envolvendo o 12º BPM, Gambôa apurou que outra fonte de insatisfação dentro da corporação é a demora do governo estadual em anunciar o novo comandante-geral da PM. Pelozato, que atualmente ocupa o cargo, deve ser substituído em breve, e o nome mais cotado para assumir a função é o do coronel Jofrey Santos da Silva, considerado um militar com perfil técnico e alinhado à base conservadora do governo. No entanto, a indefinição de Jorginho Melo sobre essa nomeação tem gerado descontentamento entre os policiais militares, que aguardam um direcionamento claro para a segurança pública no estado.
Fragilidade política e impactos na segurança
A reportagem de Gambôa destaca que a crise na PM expôs a fragilidade política do governador. Além de lidar com a insubordinação dentro da corporação, Jorginho Melo enfrenta cobranças de sua base eleitoral, que esperava uma postura mais firme na condução do episódio. O impasse na nomeação de Rafael Vicente gera incertezas sobre a estabilidade do 12º BPM, enquanto a indefinição sobre o novo comandante-geral da PM impacta toda a corporação.