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Moção de aplauso a prefeito de Chapecó por ajuda nos alagamentos gera polêmica na Câmara de BC

Vereadores debatem solidariedade, protagonismo político e criticam exposição nas redes sociais durante calamidade pública

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Durante a 2ª sessão ordinária de 2025, realizada nesta quarta-feira (05/02), os vereadores de Balneário Camboriú se envolveram em intensos debates sobre a Moção de Aplauso nº 11/2025, apresentada pelo vereador Elizeu Pereira (MDB). A homenagem ao prefeito de Chapecó, João Rodrigues, por enviar maquinários e equipes para ajudar a cidade durante as enchentes, dividiu opiniões e expôs tensões na Câmara. Apesar de aprovada com 12 votos favoráveis, a discussão foi marcada por críticas à politização de ações solidárias e à exposição pública de gestos de ajuda.

Reflexões sobre protagonismo político

O vereador Guilherme Cardoso abriu o debate, reconhecendo a relevância da ajuda recebida de Chapecó, mas destacando a necessidade de evitar que tragédias sejam usadas como palco de protagonismo político. Cardoso também enfatizou a importância da união em momentos de calamidade, cobrando maior preparação e liderança das autoridades locais.

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“Gostaria que a gente tivesse muita reflexão do ano que se aproxima. Acho importante outros municípios estarem participando do dia a dia da cidade, e realmente acho que é válido reconhecer o apoio do prefeito de Chapecó. Mas que a gente tenha sempre vigilância e entenda que momentos difíceis na cidade são momentos para a união, principalmente nossa, vereadores, partidos, enfim. Mas que a nossa cidade jamais vire protagonismo político em momentos de crise e que isso seja reiterado pela Casa. Inclusive, o governador Jorginho Melo esteve aqui em Balneário Camboriú. Nós tivemos junto com a prefeita, junto de vereadores da situação e da oposição, porque esse é um tema que deve ser debatido com todos. Mas não esperar a cidade ficar do jeito que estava para vir um prefeito de outra cidade cuidar do que é nosso.”

A fala de Cardoso foi interpretada como uma crítica indireta à dependência de ajuda externa, reforçando a necessidade de autonomia municipal em situações de emergência.

A defesa de Marcos Kurtz e a crítica à autopromoção

O vereador Marcos Augusto Kurtz respondeu, defendendo o reconhecimento ao prefeito João Rodrigues e elogiando sua iniciativa. Para Kurtz, a ajuda externa deveria ser uma prática mais comum entre os municípios da região, especialmente em momentos de calamidade.

“Só para poder fazer uma referência à Moção de Aplauso do vereador Eliseu Pereira, eu penso o contrário, vereador Cardoso. Que bom que nós tivéssemos vários prefeitos que ajudassem as cidades em calamidade pública. Que bom que tivéssemos prefeitos da região, das próximas a nós, daqui da microregião, que pudessem ajudar. Teve que vir um lá de Chapecó para dar maior suporte à nossa cidade. Eu sei que Moção de Aplauso não reflete muito no que é, mas nesses momentos, infelizmente, não é só a cidade que vem ajudar. Tem gente que faz muito mais com essa calamidade do que uma ajuda realmente. Tem gente que vai lá, faz só um vídeo e vai para casa. Isso não é ajuda, gente. A ajuda é real quando você vai lá, faz, transporta, fica. É muito simples ir lá querer mostrar. Existe uma frase que fala: quando você dá com a mão esquerda, a mão direita não precisa saber. Então, se você vai dar uma cesta básica e está filmando, você só está fazendo mídia. Você não está realmente querendo ajudar.”

Críticas irônicas de Ciça Müller e a defesa de Mazinho Miranda

A vereadora Ciça Müller aproveitou a discussão para ironizar aqueles que usaram as redes sociais para mostrar suas ações durante as enchentes, fazendo uma crítica indireta ao vereador Guilherme Cardoso. Durante os alagamentos, Cardoso postou vídeos na chuva, andando com água pela cintura e ajudando diretamente a população e divulgando as ações.

“Presidente, primeiro parabéns pela tua observação. Eu vejo muitas pessoas ajudando em silêncio. E aí eu aproveito também para aplaudir as entidades não governamentais que são essenciais na nossa estrutura para ajudar em momentos como esse que ocorreram de calamidade. Quero até citar aqui, não é o caso de roubar a atenção da Moção de Aplauso, mas só para citar uma entidade local que é Solidariedade e Amor. Eu vi trabalho, dedicação legítima e real. E eu acho muito bonito isso, sabe? As pessoas realmente entregarem o seu melhor pelo bem dos outros e não para ficar publicando muitas vezes ali que estão molhando até a cintura (risos). Desculpa, fui obrigada a rir nisso, mas eu vi muito post ali que era visível que era engajamento na rede social.”

Essa fala causou incômodo em parte dos parlamentares, que interpretaram o comentário como desrespeitoso. O vereador Mazinho Miranda saiu em defesa de Guilherme Cardoso e de outros colegas, como Victor Forte, que também participaram diretamente das ações de apoio às vítimas. Mazinho destacou que, em tempos de redes sociais, a divulgação de ajuda é natural e não diminui a legitimidade das ações realizadas.

“Prefeito João ajudou e eu faço uma pergunta: ele fez videozinho demonstrando ajuda? Ele divulgou a ajuda dele? Ele mandou o maquinário e ficou quieto? Não ficou. Ele divulgou. Acho que até patrocinou o vídeo dele, e é normal. Estamos na era da tecnologia. É normal que as pessoas divulguem. Eu já, nessas três sessões, senti sempre um tom ácido quando se fala de vídeo e rede social. Por quê? Porque é normal. Alguns têm mais dificuldade, outros têm mais facilidade. O vereador Gui, o vereador Victor Forte, eles estavam lá, ajudando. E se eles divulgaram, isso não diminui o que fizeram. A ajuda é o que importa. Vamos deixar as questões partidárias de lado.”

Mazinho criticou o tom ácido de algumas falas e reforçou que a tecnologia é uma ferramenta importante para mobilizar mais pessoas em momentos de necessidade. Contrariado pelo vereador Teco, Mazinho retrucou: “mas ele divulgou na rede social dele, a mão direita fez a e a mão esquerda mostrou, e é normal na era da tecnologia”.

Oposição de Marcelo Achutti: “A mão direita dá, a esquerda não precisa saber”

O vereador Marcelo Achutti, que se absteve da votação, justificou sua posição reforçando a ideia de que a solidariedade genuína não precisa de reconhecimento público. Ele criticou o que chamou de “politização” das ações humanitárias e rejeitou o caráter da moção.

“Eu não tenho nenhum hábito nem de votar e nem de discutir Moção de Apelo nem nada, mas essa é uma Moção importante. Onze municípios da AMFRI, dos onze, dez utilizam o Hospital Municipal Ruth Cardoso de Balneário Camboriú. Na pandemia, Camboriú não teve capacidade de ajudar com enfermeiro. Bombinhas cobra alguns merréis para entrar na cidade e não nos ajudou em nada. Os prefeitos da região, cada vez mais, quando acontece algo com Balneário Camboriú, acham que nossa cidade não precisa de ajuda. Precisa, sim! O povo ajudou. Não foram os políticos. No caso do Rio Grande do Sul, ninguém estava preocupado com voto. O que eu vejo aqui é que a classe política tinha um momento para se unir, mas não aconteceu. João Rodrigues ajudou? Sim. Outros prefeitos ajudaram? Sim. Mas eu sou espírita, e como dizemos, o que a mão direita dá, a esquerda não precisa saber. Por isso, eu não voto na Moção.”

O posicionamento de Elizeu Pereira e o desfecho da votação

O vereador Elizeu Pereira, autor da moção, destacou a precariedade das condições da Secretaria de Obras durante os alagamentos e reforçou o agradecimento ao prefeito João Rodrigues.

“O prefeito de Chapecó demonstrou coragem e solidariedade. Enquanto nossa Secretaria de Obras não tinha máquinas em funcionamento, os caminhões de Chapecó estavam aqui limpando nossas ruas. Isso merece reconhecimento. Eu não sou do partido do João Rodrigues. Meu objetivo aqui é agradecer, de coração, a quem estendeu a mão à nossa cidade em um momento tão difícil. Não se trata de política, mas de humanidade.”

A Moção de Aplauso nº 11/2025 foi aprovada com 12 votos favoráveis, 2 contrários (Guilherme Cardoso e Jair Bolsonaro) e 5 abstenções (Anderson Santos, Asinil Medeiros, Marcelo Achutti, Marcos Augusto Kurtz e Victor Forte). Apesar do resultado, a discussão evidenciou as tensões políticas na Câmara, com acusações veladas e interpretações distintas sobre o papel da exposição pública em ações solidárias.

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