A Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú debate nesta terça-feira (22) a Moção de Repúdio nº 155/2025, proposta pelo vereador Eltton Garcia (PSD), contra o comediante Afonso Padilha. A iniciativa surge após a divulgação de trechos de um show de stand-up realizado por Padilha na cidade, nos quais o humorista satiriza aspectos locais e faz comentários considerados ofensivos por parte da população e autoridades.
Na moção, o vereador classifica as declarações do comediante como “desrespeitosas, machistas e preconceituosas”, afirmando que as piadas “atacaram as mulheres e ofenderam gratuitamente a cidade de Balneário Camboriú”. Elton destaca que “as palavras proferidas pelo comediante não são piada — são violência simbólica, são reforço de estereótipos ultrapassados e são, sobretudo, um ataque direto à dignidade das mulheres e à reputação de Balneário Camboriú”.
O episódio ganhou repercussão após a prefeita Juliana Pavan (PSD) publicar um vídeo nas redes sociais rebatendo as piadas de Padilha. Em sua manifestação, a prefeita defendeu a cidade e suas moradoras, afirmando que “Balneário Camboriú é uma cidade única e nós queremos respeito”. A reação da prefeita gerou debates nas redes sociais, com internautas divididos entre críticas e apoios à sua postura.
Em resposta à polêmica, o show que Afonso Padilha realizaria em Balneário Camboriú no dia 9 de maio foi cancelado. Segundo um dos organizadores, a decisão foi tomada para evitar maiores conflitos e preservar a integridade do evento.
A moção será votada pelos demais vereadores nesta sessão ordinária. Se aprovada, representará um posicionamento político da Câmara contra o artista — mas também poderá abrir um debate sensível sobre os limites da crítica, da sátira e do papel do humor na sociedade.
Cabe lembrar que a liberdade de expressão é um direito constitucional, protegido pelo artigo 5º da Carta Magna. Humoristas têm, por definição, a função social de provocar reflexões, ainda que por meio de exageros e desconfortos. Quando o Legislativo opta por censurar formalmente — ainda que simbolicamente — manifestações artísticas, corre-se o risco de minar o próprio princípio da liberdade de crítica, sobretudo em um ambiente democrático.
A eventual aprovação da moção não obrigará Afonso Padilha a se retratar, mas deixará registrado o repúdio oficial da Câmara. Por outro lado, os vereadores que votarem a favor deverão arcar com as implicações de se colocarem, ao menos institucionalmente, contra o livre exercício da arte, do humor e da expressão crítica.
A sessão da Câmara está prevista para as 18h e poderá ser acompanhada ao vivo pelo canal oficial do Legislativo municipal.