Nesta sexta-feira, 8, será inaugurado o centro de treinamento da Escola de Cães Guias Helen Keller – primeira escola da América Latina sem fins lucrativos ligada à Federação Internacional de Cães-Guia – em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Graças ao apoio governamental, da sociedade civil e da iniciativa privada, a nova estrutura proporcionará o treinamento e formação de 30 cães-guia por ano. Trata-se de um número superior ao de duplas de cães-guia e deficientes visuais já formados durante os mais de 16 anos de existência da escola que, até o momento, não possuía uma sede própria.
A cerimônia acontecerá a partir das 19h30min na Sexta Avenida, nº 440, no bairro dos Municípios. Junto aos dirigentes e voluntários da escola, estarão presentes no evento os quatro cães-guia que estão em fase de treinamento além da cão-guia modelo da escola, a golden retriver Clever.
“Será, com certeza, um momento muito especial não apenas para a história da escola, mas principalmente para os usuários dos cães-guia no Brasil. Até hoje conseguimos formar apenas 21 duplas justamente porque não tínhamos a estrutura adequada para treinarmos mais cães de forma simultânea. Agora, com a nova sede, será possível trazer mais mobilidade e esperança a um número muito maior de pessoas com necessidades especiais”, ressalta o presidente da Escola de Cães Guias Helen Keller Paulo Bernardi.
“A centralização das nossas atividades será um grande facilitador para aumentarmos o número de cães-guia formados no Brasil. Outro aspecto bastante positivo é que a sede foi construída obedecendo ao conceito mais racional possível olhando sob a perspectiva dos animais. Levamos em conta o melhor manejo com o menor custo, o ambiente plenamente adequado para higienização, esterilização e adequação dos canis, para melhor estabilidade emocional e convivência dos animais com a as pessoas além da redução dos custos de manutenção dos cães e do próprio centro de treinamento. Ele foi totalmente projetado para gerar conforto aos cães que gentilmente dão o seu melhor para guiar os cegos”, complementa.
No Brasil são mais 6 milhões de deficientes visuais e menos de 100 cães-guia treinados em atividade. Somente na lista de espera da escola, são mais de3 mil pessoas cadastradas para obter um cão-guia e, dessa forma, terem a oportunidade de se integrar à sociedade.
Estrutura do centro de treinamento
O novo centro de treinamento da Escola Helen Keller foi construído aos moldes dos centros de treinamento das instituições ligadas à Federação Internacional de Cães Guia. O prédio possui uma área de 394 m² e grande parte de sua estrutura é destinada aos cães.
Conta com cinco baias – com capacidade para receber até três cachorros -divididas por grades conforme os novos padrões internacionais. Os locais destinados para os cães dormirem serão aquecidos. Foram projetadas baias específicas para isolamento veterinário, maternidade e banhos.
Cozinha para manipulação de alimento dos animais, lavanderia e depósitos também fazem parte da estrutura assim como uma quitinete para alojar os deficientes visuais que não tiverem onde se hospedar durante o período de adaptação com seu cão-guia.
O local também é sustentável. Há sistema de coleta de água da chuva e infraestrutura para aquecimento da água por energia solar.
Como os cães-guia são formados
Com 45 dias os filhotes são levados para as famílias socializadoras que, de forma voluntária, têm a responsabilidade de cuidar do animal por 18 meses. Durante esse período, os cães-guia aprendizes recebem educação básica e vivenciam as mais diversificadas experiências. Isso inclui visitar estabelecimentos como mercados, shoppings centers, escolas e utilizar transportes públicos, por exemplo. Todos os custos com o cachorro desde a ração até visitas ao veterinário são pagos pela escola, por meio de apoios e doações. O treinador e instrutor da escola faz o acompanhamento do cão-guia aprendiz durante esse período.
Após a fase de socialização eles retornam para a escola e ficam por cerca de 6 meses para receberem o treinamento específico que os qualificam como guias. Depois de treinados eles passam para a fase de adaptação com os deficientes visuais que pode durar um mês dependendo de como for o entrosamento.
Toda a comunidade pode ajudar
Por ser uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), a escola necessita de doações da comunidade para seguir com a formação dos cães-guia. Atualmente o valor para se treinar um animal pode chegar a R$ 30 mil e a entrega é feita de forma gratuita a quem precisa.
Moradores de Santa Catarina podem contribuir com o projeto através da conta de luz devido ao convênio que a escola mantém com a Celesc. Pessoas de outros estados podem depositar na conta corrente da instituição.
Também são aceitas parceiras e outros tipos de doações. Para mais informações basta entrar em contato pelo telefone 47 – 3366-1461.