A superlotação do abrigo da ONG Viva Bicho e a falta de um plano alternativo da Prefeitura de Balneário Camboriú para os animais resgatados pela Guarda Municipal resultaram em uma situação crítica neste domingo (9). Por volta das 15h, dois cães da raça pitbull foram recolhidos pela GM, mas tiveram a entrada negada no abrigo devido à incapacidade física da ONG de receber mais animais.
Sem espaço para os cães, a solução encontrada foi mantê-los presos em gaiolas de resgate na sede da Secretaria de Segurança Pública, onde permaneciam até o fechamento desta matéria. Nossa equipe solicitou informações sobre a ocorrência, mas a Guarda Municipal não informou o motivo do resgate, apenas que buscava localizar os tutores dos cães.
Prefeitura foi notificada, mas segue sem solução
A negativa da ONG em receber novos animais não foi inesperada. Desde o dia 31 de janeiro, a Viva Bicho já havia comunicado a Prefeitura de Balneário Camboriú sobre a suspensão do acolhimento de animais que não se enquadram no protocolo do Programa Abraço Animal. A decisão foi oficializada por meio de ofícios enviados à prefeita Juliana Pavan e às secretarias de Meio Ambiente, Saúde e Segurança Pública.
Na última quinta-feira (6), a diretoria da ONG se reuniu com a prefeita e o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Nelson Oliveira, para reforçar a incapacidade de seguir recebendo animais de forma indiscriminada. Foi deixado claro que o abrigo está lotado e que simplesmente não há mais espaço para novos acolhimentos.
Mesmo ciente da situação, a Prefeitura não apresentou nenhuma solução alternativa. Na noite de quinta-feira, um cão idoso e ferido foi resgatado pela Guarda Municipal e levado ao abrigo, onde foi aceito por se enquadrar no protocolo de acolhimento. No entanto, os dois pitbulls resgatados neste domingo, por estarem saudáveis, não foram aceitos.
A situação dos pitbulls ilustra um problema ainda maior enfrentado pela ONG: o grande número de cães de grande porte que entram no abrigo e nunca saem. Atualmente, o local abriga mais de 60 pitbulls nessa condição. Como são cães que precisam de baias individuais e de profissionais qualificados para manejo, isso gera um impacto financeiro considerável. No total, a ONG mantém cerca de 130 cães de grande porte nessas condições.
Superlotação e falta de recursos agravam a crise
Além da falta de espaço físico, a Viva Bicho enfrenta dificuldades financeiras severas. O convênio firmado com a Prefeitura prevê o acolhimento de até 400 animais, mas hoje a ONG abriga 780 – quase o dobro da capacidade estabelecida.
O último reajuste no repasse da Prefeitura ocorreu em março de 2023, quando o valor mensal passou de R$ 110 mil para R$ 140 mil. A verba, no entanto, foi calculada para um limite de 400 animais, o que significa que a ONG precisa buscar doações para suprir as necessidades dos outros 380 animais que mantém sob seus cuidados.
A diretoria da Viva Bicho solicitou um novo reajuste do repasse durante a reunião com a prefeita, justificando a necessidade de ampliação do abrigo e a alta demanda por acolhimento. A resposta da Prefeitura, porém, foi que não há recursos para aumentar o repasse.
Mesmo sem oferecer uma solução alternativa, a Prefeitura continua enviando animais ao abrigo. Quando a entrada é negada por falta de estrutura, os cães acabam presos em gaiolas da Secretaria de Segurança Pública, à espera dos tutores ou de uma definição sobre o que será feito com eles.
Como ajudar
Diante das dificuldades, a ONG depende cada vez mais da solidariedade da população. Desde itens básicos, como ração e materiais de limpeza, até doações em dinheiro para a compra de remédios e despesas veterinárias.
📍 Doações podem ser entregues no abrigo:
Rua José Alves Cabral, 104, Bairro Nova Esperança, Balneário Camboriú.
💰 Ajude com um Pix:
CNPJ: 06.156.776/0001-81